Já chega a 65 horas o drama da estudante Heloá, de 15 anos, mantida refém, desde as 13h30 de segunda-feira, pelo ex-namorado Lindembergue Fernandes Alves, de 22 anos, em um apartamento da CDHU no Jardim Santo André, em Santo André, no ABC paulista. Até as 2h desta madrugada, da Rua dos Dominicanos, era possível se perceber luzes no interior do apartamento. Parte da claridade vinha do aparelho de TV, que foi desligado pelo seqüestrador depois deste horário.
A Polícia Militar não conversou com a imprensa durante toda a madrugada e aumentou a área de isolamento do prédio. Os repórteres foram colocados a uma distância em linha reta de 150 metros e em um ponto do qual não é possível visualizar o bloco muito menos as janelas do apartamento onde a estudante é mantida refém. Por volta das 5h desta manhã, a polícia se aproximou um pouco mais do imóvel, mas não foi informado se as negociações via celular ocorreram durante a madrugada.
Desde o início do caso, Alves, que foi namorado da adolescente por quase três anos, liberou outros três jovens que estavam no imóvel, também reféns. Eles estavam fazendo um trabalho de escola, quando o rapaz invadiu o local.
O jovem, que se mudou da Paraíba para a capital coma família ainda pequeno, contou que tentou conversar com a jovem, mas "ela sempre virava as costas e me deixava falando", afirmou.
Alves, que foi descrito por vizinhos do conjunto habitacional onde também mora, no Jardim Santo André, como uma pessoa ciumenta, garantiu que "não queria voltar" com a ex-namorada. "Eu tinha deixado bem claro para a família dela. Não queria voltar; só ter uma conversa e ela não aceitava".
Vedete
O coronel Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de Choque que negocia a rendição do rapaz, afirmou no final da tarde desta quarta que, por volta das 14h, havia fechado um acordo o seqüestrador.
"Ele nos disse que iria colocar a arma no chão e liberar a moça", contou o coronel. O acordo, no entanto, não se concretizou, e o rapaz desistiu do combinado sem dar explicações, de acordo com o comandante.
"Ele disse que só vai liberá-la quando quiser, ele está se sentindo uma vedete. Tivemos de recomeçar do zero", declarou. O coronel Félix disse também que o rapaz ficou nervoso depois que tocaram campainha do apartamento onde ele mantém a garota refém, na manhã desta quarta-feira.
"Ele não atendeu o telefone a noite toda nem de manhã. Então, ficamos preocupados. Se ele tivesse a matado a facadas e tivesse se matado de alguma outra maneira? Por isso, decidimos tocar a campainha. Um de nosso homens pegou um cabo de vassoura, foi até lá e apertou o botão da campainha", relatou.
O coronel disse ainda que as negociações com o seqüestrador prosseguiram durante toda a tarde, mas que não há qualquer previsão de desfecho.