A situação permanece tensa no conjunto habitacional do CDHU no Jardim Santo André, onde a adolescente Eloa Cristina Pimentel da Silva, 15 anos, é mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves desde a última segunda-feira. A Polícia Militar cercou com fitas de bloqueio a área de prédios próximos. O rapaz, de 22 anos, disse que não vai liberar a adolescente e continua no apartamento.
Susi Fernandes Alves, de 26 anos, irmã de Lindemberg, teme que ele acabe sendo morto. Ela reclamou que a polícia não pediu ajuda da família para conversar com o rapaz e tentar fazer com que ele liberte Eloa. À tarde, policiais chamaram as duas irmãs mais velhas de Lindemberg para conversar na escola estadual que serve de base para a polícia. As aulas estão suspensas.
- Eu só queria que ele se entregasse, minha mãe está sofrendo muito com essa agonia toda. Não tenho esperança de meu irmão sair com vida - disse Susi, acrescentando que está no local desde segunda-feira e a polícia não a chamou para ajudar na negociação.
- Estou aqui nesta escada desde segunda-feira. Em nenhum momento a polícia veio me procurar. A única coisa que aconteceu foi na segunda-feira, quando minha mãe teve problema de pressão e os bombeiros foram prestar socorro a ela no apartamento - afirmou.
Nesta manhã, a polícia retomou a negociação com Lindemberg. Por volta de 12h20m, Eloa foi à janela e conversou com policiais. Uma corda feita com lençóis foi jogada, aparentemente para entregar comida para os dois jovens.Amiga é liberada e conta que Eloa apanhou
Pouco antes das 23h de terça, Alves liberou Naiara Rodrigues Vieira, 15 anos, amiga de Eloá. Outros dois garotos rendidos junto com as adolescentes quando faziam trabalho escolar foram soltos ainda na noite de segunda.
Naiara contou à polícia que as duas foram mantidas amarradas na maior parte do tempo e que Alves agrediu Eloa com chutes, tapas e puxões de cabelo. Os dois meninos que estavam com elas também apanharam.
Nesta quarta, Alves apareceu armado na janela por volta de 7h30m. Desta vez, não disparou. A polícia pediu que a imprensa se afastasse. Duas sacolas plásticas, aparentemente com lixo, foram jogadas pela janela. Um pano que cobria o vitrô do banheiro foi retirado.
Desde o início do seqüestro, Lindemberg efetuou pelo menos quatro tiros em direção a policiais e jornalistas que permanecem no local.
Durante a madrugada, a polícia não conseguiu fazer contato com Lindemberg. Por volta das 4h, houve uma troca de equipe do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e mais de 15 homens cercaram o prédio onde os dois estão.
Os policiais desrosquearam uma lâmpada do quarto andar, um acima do local do crime. Os PMs escalaram o edifício, mas não invadiram o imóvel.
A Polícia Militar cortou a energia elétrica do apartamento às 16h de terça, mas restabeleceu às 22h10m para que a bateria do celular do rapaz fosse recarregada. Em troca, ele libertou Naiara.
Possessivo e ciumento
Segundo os policiais, Alves estaria inconformado com o fim do namoro com a adolescente. O rapaz foi descrito como "possessivo e ciumento". O namoro teria sido sido rompido por ele, que se arrependeu e quis voltar. A adolescente não aceitou.
Amigos descrevem Eloa como uma garota muito bonita
Os dois adolescentes que estavam no apartamento foram liberados na noite de segunda, após a chegada dos policiais. O pai de um deles estranhou a demora do filho e foi até o apartamento. Em seguida, acionou a Polícia Militar, que chegou ao local por volta de 20h30m. Um dos garotos disse ter sido agredido com coronhadas por Lindemberg ao ser questionado o que ele fazia no apartamento da ex-namorada do industriário.
Susi contou que o irmão trabalha como prestador de serviço a uma grande indústria. Ele é carregador em uma transportadora e cumpria expediente das 6h às 15h. A empresa informou que desde o dia 1º ele não aparecia para trabalhar. Amigos dizem que ele deixou de ir ao trabalho para vigiar a ex-namorada.
Nos fins de semana, segundo a irmã, ele fazia bico de entregador de pizza com sua moto. Caçula de três irmãos, morava sozinho com a mãe, de 58 anos, num dos prédio do conjunto habitacional, a poucos metros do prédio de Eloá. A mãe dele, que é evangélica, passou mal na segunda-feira.
Susi contou que Lindemberg nasceu na Paraíba e a família se mudou para São Paulo quando ele tinha 2 anos. Susi descreve o irmão como calmo, porém, "fechado". Por isso, não sabe falar muito sobre o namoro dele com Eloá. Diz apenas que eles saiam pouco e nos fins de semana costumavam ficar em casa.
O cunhado Ibatuã Lourenço Alves, 45 anos, mecânico, diz que a família sempre o considerou tranqüilo.
- É um menino direito, não tem dívidas e é bom pagador. Trabalha desde a adolescência - afirmou.
- Eu acho que ele fez uma grande burrice. Ele é um rapaz trabalhador e não tem passagem pela polícia - disse Francimar Fernandes, outra irmã de Lindemberg.
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