Três edifícios vizinhos de uma obra no bairro Cruzeiro, área nobre na região centro-sul de Belo Horizonte, foram interditados nesta sexta-feira, 26, após a queda de um muro de arrimo abrir uma cratera na Rua Cabo Verde. Os moradores de pelo menos mais um prédio e duas casas também foram obrigados pela Defesa Civil a deixar as residência por causa de um deslizamento de terra que ameaçar os imóveis. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, o Corpo de Bombeiros confirmou a 18ª morte causada pela chuva no Estado, que tem 78 municípios afetados por temporais.
Nesta sexta-feira, 27, está prevista uma visita da presidente Dilma Rousseff a Governador Valadares, a cerca de 340 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Rio Doce, uma das áreas mais atingidas do Estado. Segundo a assessoria da Presidência, Dilma deve fazer uma reunião técnica com representantes do governo mineiro e, em seguida, um sobrevoo para verificar os estragos registrados em cidades da região. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), 34 municípios mineiros decretaram situação de emergência por causa dos estragos provocados pela água.
Nesta quinta-feira, 26, o governador Antônio Anastasia (PSDB) esteve em Valadarex e considerou que será "imprescindível" o auxílio do governo federal para recuperação dos estragos.
Temporais
Apesar de a chuva ter começado a dar trégua em algumas das áreas mais devastadas, outras ainda são castigadas por temporais desde a noite de quarta-feira, 25. Como Juiz de Fora, onde os bombeiros encontraram na madrugada de ontem o corpo de Maria Conceição Aparecida do Nascimento, de 50 anos, que morreu soterrada após sua casa ser atingida por um deslizamento de terra. Maria Helena Marta, também de 50, estava na residência, mas foi retirada com vida dos escombros e encaminhada para o Pronto-Socorro do município.
Belo Horizonte também foi atingida por fortes chuvas durante toda a noite de quarta-feira e madrugada de ontem. Segundo os bombeiros, os temporais agravaram os estragos na Rua Cabo Verde, que já havia começado a ceder no início da semana, com o surgimento de um buraco que engoliu parte do pavimento, da calçada e um poste. Com a interdição dos três prédios, pelo menos 16 famílias tiveram que se hospedar em hotéis, por conta da construtora Edifica, responsável pela obra onde estava o muro de arrimo.
Os moradores relataram aos bombeiros que desde o início dos trabalhos, há cerca de um ano, já havia aparecido rachaduras na rua por causa da escavação do solo para a construção de três pavimentos no subsolo. A empresa já havia sido autuada por causa dos problemas, a obra continuou liberada e atribuiu a problemas da rede de esgoto a cratera aberta nesta quinta. Além dos três prédios, toda a rua foi fechada. No bairro Pirajá, na região Nordeste da cidade, um prédio de três andares e duas casas também foram interditadas após serem atingidas por um barranco. Na avaliação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) não há risco imediato de os imóveis desabarem, mas serão necessárias obras de reforço nas estruturas.
Assistência
Após sobrevoar nesta quinta partes das regiões Leste e do Vale do Rio Doce atingidas pela chuva, o governador de Minas, Antonio Anastasia, afirmou que há necessidade de "várias medidas" para aliviar o problema, mas que a prioridade do Estado será "prestar imediato socorro àquelas pessoas que são vitimadas" com "socorro de água, alimentos, roupas".
"Num segundo momento, começa o processo de reconstrução. Vamos colocar recursos do Estado e solicitar também os recursos federais. Será imprescindível o apoio do governo federal para a fase mais onerosa, que é a de reconstrução", disse. Até o momento, de acordo com a Cedec, 7.099 residências foram danificadas e 116, destruídas pelas chuvas. O Estado também registra danos em 229 obras de infraestrutura, como estradas e pontes, e 112 destruídas pelos temporais.
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