Reunidos em assembleia na manhã desta segunda-feira (9), professores da rede pública estadual de ensino decidiram suspender a greve da categoria, deflagrada em 9 de fevereiro. No entanto, os docentes também aprovaram a manutenção de um estado permanente de greve, o que significa que a paralisação pode ser retomada caso o governo estadual descumpra algum dos acordos firmados desde o início do movimento.
Estado permanente de greve envia mensagem
- Carolina Pompeo
Durante a assembleia-geral, professores e funcionários da educação votaram pela suspensão da greve e manutenção de um estado permanente de greve, ou seja, a categoria retoma as atividades e volta às salas de aula, mas mantém uma espécie de “estado de alerta”, em que uma nova paralisação pode ser decidida a qualquer momento mediante convocação de nova assembleia-geral em 48 horas.
De acordo com a secretária de finanças da APP-Sindicato, Marlei Fernandes, a categoria pode permanecer em estado permanente de greve por tempo indefinido, até que uma nova assembleia vote pelo fim da manutenção do status. “Trata-se de um instrumento legal que diz: fizemos greve, voltamos às atividades, mas estamos atentos ao menor descumprimento do que foi acordado”, explicou.
Na prática, não há muita diferenciação. Caso não se votasse pelo estado permanente de greve, o sindicato poderia convocar nova assembleia-geral em 48 horas para aprovar uma nova paralisação a qualquer momento. “É mais uma mensagem que gostaríamos de passar para o governo, a sociedade e os próprios alunos. De que a luta continua, de que estamos atentos.”
Até o final de abril a APP-Sindicato deve convocar nova assembleia-geral para avaliação dos resultados obtidos após o encerramento das negociações e retorno das aulas. “Mas não significa que vamos sair do estado permanente de greve”, concluiu Marlei.
Para os alunos, o reinício das aulas acontecerá na quinta-feira (12); para os professores e funcionários, a volta ao trabalho se dá na terça-feira (10). Segundo a APP-Sindicato, a categoria precisa desses dois dias para reorganizar as turmas e escolas.
Apesar de ocorrer no mesmo local, a assembleia desta segunda não contou com o público da última, ocorrida na quarta-feira (4) e quando 20 mil pessoas lotaram o estádio da Vila Capanema, em Curitiba. Segundo o cálculo do sindicato, de 10 mil a 15 mil pessoas compareceram a deliberação realizada nesta manhã
Após o término da assembleia, a direção do sindicato convocou os presentes para irem até o Centro Cívico, onde haverá pronunciamento sobre o fim da greve e do acampamento em frente ao Palácio Iguaçu - símbolo do movimento.
A assembleia começou com um clima diferente do visto na última quarta-feira. Pelas arquibancadas da Vila Capanema, o que mais se ouvia eram receios de que a manutenção da paralisação poderia afetar a forma como a sociedade via a luta dos professores.
“Agora nossa preocupação é com os alunos”, disseram as professoras Nassara Borges, Marilda Sanches e Daniele Leal, de Tomazina. No entanto, elas ressaltaram que a categoria deve ficar atenta às promessas do governo, principalmente em relação ao Paranaprevidência. As docentes disseram ainda que a resistência pelo fim da greve veio do fato de boa parte dos professores desacreditar tanto do Executivo quanto do Judiciário.
A expectativa vista nas arquibancadas acabou se confirmando. Pouco antes da votação, secretária de finanças da APP-Sindicato, Marlei Fernandes, afirmou que, na reunião do conselho estadual da entidade, da qual participaram representantes dos 29 núcleos sindicais, 25 declararam apoio à suspensão da greve e apenas quatro manifestaram dúvida.
Após as falas dos lados a favor e contra a suspensão da greve, a questão foi colocada a votação. Embora não tenha havido unanimidade, a opção pela suspensão da greve foi a vencedora.
“A categoria entende que não conseguimos tudo o que queríamos, mas fizemos com que o governo recuasse. Essa foi uma das greves mais vitoriosas da categoria e queremos sair assim dela. Permanecermos em estado permanente de greve, ou seja, acompanhando a implementação do que foi acordado sob o risco de paralisarmos a qualquer momento se for necessário”, disse Fernandes.
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