A greve dos professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) está suspensa. A manutenção do estado de greve foi decidida em assembleia realizada na manhã desta terça-feira (23) após quase dois meses de paralisação. A decisão ocorre um dia após a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovar o reajuste salarial dos servidores estaduais. O reajuste era uma das reivindicações dos servidores da universidade. Os funcionários da UEL também pediam um Plano de Cargos e Salários e o repasse total da verba de custeio às universidades. Os docentes devem voltar ao trabalho a partir desta quinta-feira (25). Os próximos dias serão dedicados à limpeza e adequação do campus para o retorno dos alunos, que deve ser definido em reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
“Os professores que entenderem possível retornar às aulas já na quinta-feira poderão fazer isso, mas é importante lembrar que este conteúdo não será contabilizado dentro do calendário oficial, que depende da aprovação do Cepe”, explicou a reitora da UEL, Berenice Jordão. Ela disse que as definições do conselho devem ocorrer até a próxima sexta-feira (26). “Ainda não tenho certeza como vamos fazer isso, mas como existem muitas especificidades do calendário a serem discutidas é possível que sejam convocadas duas reuniões.”
Após a deliberação oficial para o término da greve, o Cepe deve se reunir novamente para determinar a data das matrículas para o vestibular 2016, que foi suspensa durante a greve dos professores da UEL. “A partir da definição da data de matrículas aí sim o conselho irá determinar o calendário específico do vestibular”, pontuou Berenice Jordão.
O período de greve foi marcado por tensão entre professores e governo do estado. Na primeira semana de negociação, a “batalha do Centro Cívico” deixou centenas de pessoas feridas. Na mesma ocasião, quatro estudantes da UEL foram presos pela Polícia Militar e apontados pelo governo do estado como integrantes do grupo black blocs. Na ocasião, a reitora da UEL, Berenice Jordão, chegou a convocar a imprensa para criticar publicamente as declarações do então secretário de Segurança, Fernando Franschini. Uma das estudantes disse ao Ministério Público que, após a prisão, foi obrigada pelas PMs a ficar nua. O inquérito para investigar os possíveis abusos ocorridos no final de abril ainda não foi concluído.
A UEL suspendeu a data do vestibular durante a greve a exemplo de outras universidades estaduais como a UEM, UEPG, Unioeste e Unicentro. Com o fim da greve, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) deverá deliberar um novo período e o calendário efetivo do concurso.
A queda de braço entre governo e professores ganhou um novo capítulo no início de junho quando foi divulgado o ícone “Remuneração das Instituições de Ensino Superior” no Portal da Transparência do Governo do Paraná.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), o ícone tem o objetivo de facilitar o acesso à informação, já que os dados referentes aos salários dos servidores já estavam disponíveis no Portal da Transparência, porém de forma menos organizada.
Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Londrina (Sindiprol), Renato Lima Barbosa, criticou a atitude. “Essa é mais uma atitude do governo, que tem agido contra a nossa categoria de má fé.”