Ícone cultural da região durante três décadas, o Cine Plaza de Campo Mourão renasceu das cinzas, dois anos após sua inauguração, mas não resistiu à decadência que atingiu os cinemas de rua em todo o país no inicio dos anos 90, quando o prédio foi adquirido por uma igreja evangélica.

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Inaugurado em 1964, o Plaza tinha capacidade para 1,6 mil espectadores sentados, mas chegou a abrigar mais de 2 mil pessoas em uma única sessão no ano de sua inauguração, durante a exibição do filme Ben-Hur, um drama épico bíblico dirigido por William Wyler em 1959. O prédio ocupava uma área de 2 mil metros quadrados na avenida Brasil, no centro da cidade, e era construído em alvenaria. Fogo

Em 1966, durante uma sessão de gala na noite de um domingo, chamas iniciadas no teto do cinema, revestido com feltro para melhorar a acústica, se alastraram e se transformaram em um grande incêndio. Um locutor de uma rádio que funcionava no andar de cima sentiu o cheiro da fumaça e correu para avisar o proprietário, Getúlio Ferrari. Em poucos minutos, a sala foi esvaziada, evitando uma grande tragédia. O cinema estava lotado.

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Apesar da rapidez na identificação do foco, nada mais foi possível fazer. O fogo destruiu completamente o Plaza, restando apenas os pilares carbonizados. O incêndio causou comoção geral em Campo Mourão. Mas Getúlio não se abalou e decidiu reconstruir o cinema. Amigos, parentes e até seus sócios tentaram demovê-lo da ideia. Não teve jeito. O dinheiro empregado na reconstrução do Plaza, segundo Arno, daria para comprar 500 alqueires de terra na época.

Reaberto em 1968, um ano e meio após o incêndio, o Plaza continuou a ser referência da efervescência da cidade, que antes das emancipações de seus distritos, ostentava uma população de 130 mil habitantes, quase o dobro do número de habitantes atual de 87,1 mil.

Em 1989, sem competitividade frente às grandes distribuidoras, Getúlio arrendou o Plaza para a Distribuidora Arco Iris, que administra uma rede de cinemas espalhada pelo interior dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em 1993, o Plaza voltou novamente ao comando dos Ferrari. Durante um ano, Arno Ferrari, filho de Getúlio, tentou estabelecer uma parceria com a prefeitura para levar alunos ao cine. "Queria apenas que a prefeitura colaborasse para a manutenção, mas a ideia não deu certo", diz o comerciante.

Em 1994, uma igreja evangélica alugou o espaço e o adquiriu por R$ 400 mil em 1998, encerrando os tempos áureos do Plaza na cidade. Durante a venda do imóvel, Arno diz que retirou parte do revestimento em madeira dos pilares para demonstrar a solidez estrutural do prédio. No local, apareceram as marcas do fogo que carbonizou o local.

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