O vice-presidente Michel Temer (PMDB) esteve em Curitiba neste sábado pela manhã (13) para participar do mutirão nacional de combate ao Aedes aegypti , mosquito transmissor do zika vírus, da dengue e da febre chikungunya. Temer acompanhou, no Quartel do Pinheirinho, a mobilização do Exército contra o mosquito,falou com a imprensa e depois foi ao Terminal do Carmo para acompanhar uma ação educativa para eliminar focos de criação do Aedes. Durante a passagem pela capital paranaense, o vice se recusou a falar da crise política e procurou demonstrar que o governo federal está empenhado em eliminar o mosquito. E anunciou que o Ministério da Saúde está organizando uma rede de centros de apoio às crianças com microcefalia e às gestantes contaminadas pelo zika vírus, que podem vir a dar à luz bebês com má-formação do cérebro.
Questionado por jornalistas a falar sobre o processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Temer que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vice-presidente se recusou a comentar o assunto: “Hoje só falo de mosquito. Até porque, caso contrário, vamos tirar a importância do assunto. Temos de combater o Aedes”.
A recusa de Temer para falar sobre assuntos espinhosos da política tem uma razão. O Planalto quer mostrar ao país que tem uma agenda positiva. E o mutirão para combater o Aedes faz parte da estratégia para mostrar que o governo não está paralisado pela crise política. Para mostrar isso, a própria presidente Dilma Rousseff, assim como Temer, participa neste sábado do mutirão. Os ministros também foram convocados para as ações contra o mosquito.
Em Curitiba, Temer negou que o surto de microcefalia no Nordeste e o vírus zika tenham causado desgaste à imagem do governo: “Mosquito não tem nada a ver com outras coisas. Essa é uma questão da sociedade brasileira”. O vice também disse que o zika não deve atrapalhar a Olimpíada do Rio. “Houve uma preocupação inicial já superada. Mas os atletas já disseram que vêm para cá sem preocupação.”
Apesar disso, Temer classificou como preocupante as doenças transmitidas pelo Aedes. “Não há uma tragédia em vista, mas há preocupação grande”, disse. “Mas este momento pode significar uma mudança dos hábitos de preservação do ambiente, de não jogar pneus nas ruas, coisas nos rios e lixo onde não se deve.” O vice também conclamou a população a participar da mobilização contra o mosquito.
Em Curitiba, o Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes aegypti teve ainda a presença do prefeito Gustavo Fruet (PDT). O governador Beto Richa (PSDB) não participou da mobilização. Segundo o governo, Richa estaria em Ponta Grossa para inaugurar um viaduto na cidade.
O mutirão
A partir deste sábado, 2,3 mil militares do Exército e Aeronáutica passam a colaborar com a prefeitura de Curitiba na identificação de focos do mosquito e conscientização da população.Os militares se juntam aos 1,1 mil agentes de saúde e de endemia que já atuam na capital paranaense em busca por criadouros e focos do Aedes aegypti.
O mutirão deste sábado ocorre em todo o Brasil. No total, 220 mil homens das Forças Armadas participam do mutirão contra o mosquito. Eles vão auxiliar os agentes de saúde para ações de combate ao Aedes nas capitais e em cidades com situação crítica. A meta da mobilização nacional é visitar 3 milhões de residências em cerca de 350 municípios.
Segundo informações da Agência Brasil, também estão agendadas para os próximos dias mais ações de combate ao Aedes aegypit. De 15 a 18 de fevereiro, mais de 50 mil homens das Forças Armadas seguem visitando residências em 115 municípios brasileiros (19 no Paraná) para eliminar focos do mosquito e aplicar produtos químicos para inibir sua reprodução. Em Curitiba, 2,2 mil militares começarão a campanha visitando imóveis do Centro (segunda e terça (16). Na quarta-feira (17), serão visitadas residências no Jardim Botânico e Cristo Rei. No dia seguinte será a vez do Rebouças. A capital paranaense ainda terá visitas na sexta-feira (19), no bairro Santa Quitéria. Do próximo dia 19 a 4 de março, as ações serão nas escolas, em uma parceria entre os ministérios da Defesa e da Educação.