Chuva e tragédia
Incluídas as mortes do maior temporal da história do Rio de Janeiro, pelo menos 250 pessoas morreram em decorrência das chuvas desde janeiro deste ano no Brasil
1º de janeiro 53 pessoas morrem em dois desmoronamentos de terra em Angra dos Reis (RJ); 21 vítimas foram soterradas no Morro da Carioca e outras 32 morreram quando uma pousada e várias casas foram cobertas pela terra na Ilha Grande.
5 de janeiro 11 pessoas morrem no Rio Grande do Sul, cinco por causa da queda de uma ponte sobre o Rio Jacuí, na RS-287, que liga as cidades de Restinga Seca e Agudo. Quase 30 pessoas caíram da estrutura, mas conseguiram sobreviver agarradas às árvores.
30 e 31 de janeiro Cinco pessoas morrem durante o temporal que atingiu o município de Sengés, no Norte Pioneiro do Paraná. Elas foram arrastadas pela enxurrada, que atingiu 2,5 metros de altura em alguns pontos da cidade.
Janeiro e fevereiro 42 pessoas morrem em decorrência das chuvas no estado de São Paulo. A maior parte delas morreu na capital paulista. A vítima mais recente se afogou depois de ser arrastada pela força água quando tentava ajudar um motorista ilhado.
Enquanto as principais vias, residências e edifícios comerciais eram tomados pela água, a vida dos moradores do Rio de Janeiro e do entorno ficou temporariamente paralisada. A cidade praticamente não funcionou no dia de ontem: as aulas foram canceladas nas redes municipal e estadual, em escolas particulares e nas principais universidades, agências bancárias não abriram e toda a estrutura dos poderes Legislativo e Judiciário não funcionou. O transporte público entrou em pane com metade da frota circulando e parte das linhas de trens de superfície foi interrompida.
Quem não ficou em casa acabou ilhado nos veículos. O copeiro Tarcísio de Oliveira, 66 anos, saiu de casa, em Belford Roxo, com destino ao bairro de Botafogo, onde trabalha, às 4 horas da manhã. Às 11 horas ele não tinha feito nem metade do trajeto. "Vou descer e voltar pegar o ônibus para a volta. Devo chegar em casa para o fim da tarde", calculou. A linha que Oliveira utiliza passa pela Avenida Brasil, principal ligação do Centro com as zonas Norte e Oeste, que ficou alagada. A água entrava pela porta do ônibus. Em alguns trechos, os ônibus tinham de fazer desvios no itinerário.
Os obstáculos eram ainda maiores para os veículos pequenos. A pedagoga Márcia Souza, 24 anos, saiu de Ramos para ir ao trabalho, também no Botafogo, às 6h30. Por volta das 9 horas, desistiu e fez meia volta. Ela costuma fazer o trajeto completo em uma hora. Pesou a possibilidade de ficar ilhada no meio da Avenida Brasil. "Em alguns pontos estava intrafegável, com carros abandonados à deriva. Quem se arriscava acabava largando o carro lá", relatou. A confusão tomou conta do trânsito em vias nessas condições. Motoristas manobravam em marcha a ré no meio da pista e voltavam pela contramão.
"Praça da banheira"
No centro da cidade, a chuva já causava transtornos na noite de segunda-feira. O estudante e funcionário público Leonardo Sales da Silva, 25 anos, deslocou-se com dificuldade ao campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no bairro do Maracanã, à toa. A região é uma das mais suscetíveis a alagamentos e às 19 horas de segunda-feira já tinha meio metro de água em alguns pontos. Muitos professores não conseguiram chegar e as aulas do período noturno foram canceladas. "Não tive problemas porque voltei de trem. Mas pude ver os ônibus parados na Praça da Bandeira. Nós chamamos de praça de banheira, porque sempre alaga", criticou.
Até o início da tarde de ontem, os transtornos sentidos pela estudante Aline Lopes de Araújo, 20 anos, não tinham acabado. Ela não conseguia voltar para a sua casa desde o dia anterior. Aline saiu do IFRJ, também no Maracanã, às 18h30, pela entrada dos fundos, porque a porta principal tinha sido fechada e vedada para que diminuir o fluxo de água que invadia o prédio. Ela não foi muito longe. O colega que lhe dava carona resolveu parar no estacionamento elevado de um supermercado, que tinha virado um refúgio para muitos que passavam pela região. "Às 23 h baixou um pouco, deu para caminhar até a casa do meu namorado, que fica perto, mas o restante passou a noite lá", conta.
Quem ficou em casa na manhã de ontem não escapou dos problemas. A água entrou em muitas residências e provocou deslizamentos na região, que é repleta de encostas. Vários edifícios residencias no bairro de Boa Viagem, em Niterói, foram afetados pelo deslizamento de uma encosta. A ocorrência ameaçou, inclusive, o prédio anexo da Museu de Arte Contemporânea do município. "Com medo de desabamento da garagem subterrânea, alguns moradores colocaram os carros na rua. Alguns foram destruídos por árvores. Os efeitos da chuva estão em todo lugar", disse o engenheiro Júlio Resende, 25 anos.
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