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Entre as décadas de 1950 e 1990, o Centro de Ponta Grossa chegou a contar com três grandes cinemas "de rua". Somados, eles tinham mais de três mil poltronas. No entanto, o único que ainda exibe filmes é o Cine-Teatro Ópera. Porém, os números não se comparam. A sala mais usada para projeção de filmes é o auditório "B", que tem apenas 150 lugares. O auditório principal, com 700 lugares, é voltado para espetáculos de teatro, dança e música.

Diretor do teatro, Jhonny Adam Bueno afirma que, apesar de ser um espaço pequeno, o diferencial é a exibição de filmes alternativos, de fora do que chama de "grande circuito". "Nossas sessões de cinema são mantidas por projetos culturais de empresas, entidades locais e do poder público. A grande maioria das sessões têm entrada franca", explica. As sessões acontecem às quintas-feiras à noite e nas tardes de domingo. "A programação de cinema do Ópera para 2012 começa em março", antecipa.

Mas as coisas nem sempre foram assim. Por vários anos, nenhum filme foi exibido no local, que chegou a abrigar uma igreja evangélica. O prédio da empresa Cinemas Arco Íris foi adquirido pela Prefeitura de Ponta Grossa em 2003 e passou por uma revitalização custeada com uma verba de R$5 milhões do projeto "Velho Cinema Novo", do Governo do Paraná. A maior parte das características arquitetônicas do "cine", inaugurado em 1950, foi mantida.

O responsável técnico do Ópera, Américo Nunes, acredita que o local tem um importante papel na disseminação de produções da "sétima arte" a que o grande público não tem acesso. "Mas isso não basta. Nossa cidade, assim como outras, devia ter muito mais cinemas, mais espaços alternativos", defende. Atualmente, as únicas salas comerciais de cinema na cidade funcionam dentro de dois shoppings.

O professor de Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Nelson Silva Júnior, conheceu a boa fase do Cine-Teatro Ópera. "No começo dos anos 80, eu vi aqui alguns clássicos como "E o vento levou", de 1939, e "Expresso da meia-noite", de 1978. O Ópera já tinha essa característica de passar alguns filmes de outras épocas", conta. Em seu mestrado em Ciências Sociais pela UEPG, Nelson analisou o desaparecimento dos grandes cinemas da cidade. "Nós perdemos muito das características do verdadeiro cinema. Eu assisti filmes com um Ópera lotado, na época em que havia apenas um auditório com mais de mil cadeiras. De toda forma, é importante ter um espaço como esse preservado. Ele foi inaugurado em 1950 e, até hoje, é um referencial de modernidade na história da cidade", salienta.

Final infeliz

Já o Cine Império não teve a mesma "sorte". Fundado em 1939, foi o cinema mais popular de Ponta Grossa pelos preços baixos das sessões, que atraíam multidões para as mais de mil poltronas e também para os corredores. O marceneiro aposentado Oscar Boutin, hoje com 88 anos, lembra bem essa época. "Quando eu tinha meus 17 anos, eu e meu irmão íamos na sessão "Pão Duro", na noite de sábado. Dava pra ver três ou quatro filmes seguidos por um valor que, hoje, não daria um ou dois reais. A gente via Buck Jones, Key Maynard, Mazzaroppi e era muito divertido", conta.

No entanto, hoje o prédio praticamente não existe. Uma enchente do arroio Pilão de Pedra, que passa sob a área, provocou o desabamento da estrutura, que está interditada. A fachada ainda resiste, mas o interior é oco. O representante da Cinemas Arco Íris em Ponta Grossa, Waldemar Peixoto, conta que já tentou demolir o que resta do prédio, mas o pedido foi negado porque o imóvel faz parte do inventário de imóveis com interesse em preservação no Município.

Já o prédio do antigo Cinema Inajá, apesar de estar em boas condições, abriga uma igreja evangélica que aluga o espaço, também de propriedade da Cinemas Arco Íris. Dos três principais da cidade, ele é mais antigo, fundado em 1911 com o nome de Renascença, e também o último a encerrar a atividades, em 1999. Em 1931, foi o primeiro cinema do Paraná a exibir filmes com som.

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