Os seis bairros com Unidades Paraná Seguro tiveram 34% menos homicídios em 2015 que no ano anterior. Sem contar esses bairros (Cidade Industrial de Curitiba, Cajuru, Tatuquara, Uberaba, Parolin e Sítio Cercado), a capital registrou uma queda bem menor, de 10%, dos assassinatos em relação a 2014. Esse dado indica que as unidades podem ser um fator importante na queda acentuada de homicídios na cidade. Se considerados os quatro anos do programa, de 2012 para cá, a queda dos assassinatos nos bairros com UPS é ainda maior, de 39%. Mas ações recentes do governo estadual demonstram que o programa como um todo perdeu força política ao longo da passagem de quatro secretários da Segurança Pública.
Há dois anos e meio, o governo estadual não expande as unidades. A última foi instalada em São José dos Pinhais em junho de 2013. Além disso, próximo de registrar o aniversário de três anos da primeira UPS, a do Uberaba, três bairros já não possuem mais o posto fixo do programa: Cajuru, Tatuquara e Parolin.
Existe ainda o componente político por trás da perda de velocidade do programa. Como as unidades foram inauguradas no segundo ano do governo Beto Richa, foi o primeiro secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, o principal entusiasta do projeto. Nos anos seguintes, o trabalho perdeu força também em razão da falta de participação sistemática de outras secretarias e esferas de governo que pudessem dar conta de oferecer mais do que segurança às comunidades com os maiores índices de violência e vulnerabilidade social de Curitiba.
Em 2013, o então secretário Cid Vasques assinou um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania e a prefeitura de Curitiba. Mas as ações sociais e de bem-estar que deveriam vir a partir disso, com a coordenação do estado, não foram para frente. Em 15 de abril do ano passado, o então secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, deputado federal Fernando Francischini, alertou para a estagnação do programa. “A gente vê que as reduções de criminalidade nestas regiões são maiores que nos bairros onde não têm. Mas o avanço é necessário. Temos que reconhecer que faltou uma liderança de interligação com as demais secretarias”, disse ele na ocasião, em entrevista à Gazeta do Povo. A população destas localidades segue insatisfeita com a oferta pública em seus bairros.
Falta de planejamento
A carência do programa mencionada pelo ex-secretário passa pela dificuldade em manter a integração entre município e governo estadual.A falta de diálogo e de planos de trabalho em parceria entre a prefeitura de Curitiba e o governo do Paraná é o principal obstáculo enfrentado pelas comunidades atendidas pelo programa hoje na capital paranaense. A própria administração do município revelou, por nota, que, até agora, o governo estadual não encaminhou sequer o plano de trabalho de ações integradas para orientar as ações do município nas regiões da UPS.
O que diz o governo estadual
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) informou, por meio da assessoria de imprensa, que o programa prosseguirá e que as unidades que ainda possuem contêineres como posto fixo da UPS devem receber um imóvel pré-fabricado. A assessoria de imprensa do governador Beto Richa informou que não compreendeu o motivo da acusação da prefeitura de Curitiba a falta de planejamento conjunto, já que considera que há constante integração nas áreas de UPS com o município.
Para o delegado-chefe da DHPP, Miguel Stadler, o trabalho de investigação feito no último ano pela unidade também é responsável por grande parte da queda dos homicídios. Desde o ano passado, a unidade tem atuado de forma específica, em locais e horários com mais incidência. “Eu vejo que tem a contribuição da qualificação e dedicação das forças policiais. Principalmente em relação à Divisão de Homicídios e à PM, realizando levantamento das áreas críticas, ações em conjunto, identificando a autoria e motivação nos locais mais problemático”, comentou.