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Operação Dallas

Empresário de Foz é apontado como intermediador do esquema

Alex Hammoud: segundo a PF, empresário intermediava negócios na  China |
Alex Hammoud: segundo a PF, empresário intermediava negócios na China (Foto: )

Para os investigadores da Po­­lícia Federal, o articulador por trás do suposto esquema de corrupção montado para desviar US$ 5 milhões na compra de uma draga para o Porto de Pa­­ra­­naguá, em 2009, é o empresário Alex Ham­moud, de Foz do Iguaçu, dono do grupo Unisoft, no Paraguai.

Segundo relatório da operação Dallas da Polícia Federal, obti­­do com exclusividade pela Gazeta do Povo, Hammoud se­­ria o responsável por intermediar o contato entre as diferentes entidades envolvidas na licitação: empresários chineses e agentes públicos do Palácio Iguaçu e do Porto de Paranaguá.

Ainda de acordo com documento, depois de a Administra­ção dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) abrir a licitação para a compra de uma draga própria, Hammoud ficou encarregado de contatar a em­­presa Sawa, representante da Ningbo, fabricante do equipamento. A investigação da PF apurou ainda que o empresário mantinha contatos frequentes com o ex-superintendente do Porto de Paranaguá Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, para garantir que a empresa Glo­­bal Connec­tion, com sede em Londrina, fosse a vencedora do processo licitatório para que o esquema de desvio de dinheiro saísse como planejado.

A PF acredita que, caso o processo licitatório não tivesse sido cancelado pela Justiça, o empresário faria o pagamento de pouco mais de US$ 23 milhões à Ningbo e dividiria a propina – US$ 5 milhões – en­­tre os envolvidos. Com o entrave judicial, no início de 2010, os supostos envolvidos começaram a desconfiar um do outro. O monitoramento telefônico e de e-mails dos investigados mostra que Daniel Souza suspeitou que Eduardo Requião estivesse negociando um possível esquema de propina com as duas em­­presas que disputavam a licitação: a Global Conecction, do em­­presário Gilberto Nagasawa, e com a Interfabric Indústria e Comércio, pertencente ao grego Georges Pantazis.

Alex Hammoud trata disso em um diálogo monitorado pela PF, com autorização da Justiça, no dia 4 de abril do ano passado. Durante a conversa, Daniel Souza diz desconfiar que Eduar­do Requião tinha acerto com o "Grego", mas Hammoud diz estranhar sua atitude, uma vez que ele seria o beneficiado com a maior parte da propina de US$ 5 milhões no negócio com a Global.

Depois, os dois cogitam a possibilidade de romper o acordo e direcionar o dinheiro para a cam­­panha de Orlando Pessutti, que na época era apontado como candidato a governador.

"Sempre fui leal, sempre fui leal a ele [Eduardo], mas infelizmente ele jogou fora a amizade e eu não quero mais saber dele, não tenho mais nenhum compromisso com ele. Compromisso agora vai ser com o Pessutti. (...) ele [Eduardo] não precisa mais de dinheiro, ele quer mais di­­nheiro, mas ele tem muito, guar­­dou muito. Ele quer aproveitar que a draga não desse certo comigo para o irmão, Requião, me tirar do porto", diz Daniel Souza na transcrição de uma conversa com Hammoud.

Divisão

Segundo os documentos da Operação Dallas, Eduardo Requião receberia a metade da propina prevista de US$ 5 milhões. Os outros US$ 2,5 milhões seriam divididos entre os envolvidos no processo de licitação e que trabalhariam para que a Global Connection vencesse a disputa.

Entre os citados como beneficiados aparecem ainda o próprio Daniel Souza, o presidente da Comissão de Licitação, Jessé Bezerra da Silva, e Maurício Vitor de Souza, ex-procurador jurídico da Appa. Para a Polícia Federal, eles cuidaram dos trâmites da licitação dentro do próprio Porto para que o negócio fosse concretizado.

Dentro do governo do Paraná, a investigação indica como integrantes do esquema o ex-secretário especial do governo estadual e segundo suplente do senador Roberto Requião, Luís Eduardo Mussi, e o então secretário estadual de Saúde e ex-chefe de gabinete do governador, Carlos Moreira Júnior. Os dois representavam o governo e acompanhavam de perto a licitação.

Em outra conversa gravada pela Polícia Federal, no dia 23 de abril, quando o processo de licitação estava em disputa judicial e a Justiça não acatava os argumentos da Global e da Appa para liberar a contratação, o ex-superintendente Daniel Souza, ainda no comando do porto, fala a Luís Mussi que eles deveriam conversar com o proprietário da Global para que ele pedisse um ressarcimento de prejuízos, caso a licitação fosse mesmo cancelada. "(...) a Global vai ter que entrar com uma ação contra o Porto, pedir um ressarcimento aí, do prejuízo (...) a Global tem que entrar na Justiça e o porto compor isso aí, acertar com a Global", afirmou Daniel Souza, segundo as escutas.

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