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"Sou a favor da greve. Os trabalhadores avisaram sobre essa paralisação tem mais de dez dias, mas as pessoas só se manifestam nesse país quando a água bate em suas partes. Temos hoje uma Copa anunciada em 2003, mas só se deram conta há seis meses e resolveram todos irem protestar."

Ricardo Alves Hilario

"Esse povo tem que usar mais bicicleta, mesmo com a greve não aumentou o número de ciclistas nas ruas."

Rafael Carlos Zanetti

"Apoio a greve dos ônibus. A sociedade precisa sempre se mobilizar. Se julgarmos que somente se refere a uma categoria, seremos sempre menosprezados e ficaremos sempre na minoria."

Marcio Pazianotti

"Fala-se muito em mobilidade urbana. Aconselham: ‘deixem seus carros na garagem e utilizem o transporte coletivo’. E ficar à mercê disso? Por isso continuo a usar meu carro confortável, chego aonde pretendo, cheiroso e sem amarrotar a minha roupa. Melhor ainda: sem estresse."

Osmar Linz

"Absurdo é pagar caro por um serviço muito ruim. Absurdo é trabalhar de sol a sol como um cão e ter que implorar por migalhas e nem isso receber. A greve foi o único recurso que restou para pressionar os cartolas do transporte coletivo de Curitiba e região, que nunca dirigiram um ônibus e nem dele dependeram para ir ao trabalho."

Lindolfo Silveira Kemmerich

"É greve de ônibus, banco, correio... e quem paga a conta? O povo. Vamos nós todos parar 1 dia para ver o que dá..."

Michael Carlos Knopa

Forcinha

Sem os ônibus rodando em Curitiba e cidades da Rede Integrada de Transporte, coube a muitos empregadores dar uma forcinha para garantir a chegada dos trabalhadores no início da manhã. Funcionárias do Restaurante Popular na Praça Rui Barbosa, as amigas Vânia Dias dos Santos, Edna Portes e Eva Ferreira optaram pelo táxi para chegar até o trabalho, por volta das 6h30. Detalhe: as três vieram de Campo Largo e o total da viagem saiu por nada módicos R$ 100. Neste caso, o restaurante se comprometeu a ressarcir o valor. Também na Rui Barbosa, a moradora de Fazenda Rio Grande Marlene Cândido de Souza precisou de ajuda do colégio onde trabalha para conseguir uma van para voltar para casa.

35% de operários na arena

Segundo o coordenador-geral da Copa para o Paraná, Mário Celso Cunha, 65% dos operários que atuam na construção da Arena da Baixada faltaram ao trabalho, outros 35% foram a pé, de bicicleta ou outros meios de transporte. "É um prejuízo muito, muito grande", lamentou. Palco dos jogos do Mundial de 2014 em Curitiba, o estádio mais atrasado da Copa chegou a ser ameaçado de exclusão devido à demora na sua conclusão e tem um cronograma apertado até a entrega, prevista para 30 de abril.

Atrasado

A aposentada Maria Rose chegou atrasada à audiência marcada há semanas pelo Procon. Mesmo com carona de carro do filho, Rose enfrentou mais de três horas de trânsito pesado até o local, na Rua Presidente Faria. O esforço não foi suficiente. A sorte da aposentada é que o Procon não teve expediente ontem por falta de funcionários e a audiência será remarcada. Na hora de ir embora, novo transtorno. Rose esperou por mais de uma hora pela van que tivesse como destino o bairro Borda do Campo, em São José dos Pinhais.

      As empresas de ônibus que operam em Curitiba e região metropolitana devem cumprir a ordem do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) e manter, hoje, parte de sua frota nas ruas. Ontem, a Justiça determinou que, nos horários de pico (entre as 6 e 8 horas, e entre as 17 e 19 horas), pelo menos 50% dos veículos que cobrem cada linha (1.325 ônibus) estejam rodando. Nos demais horários, 30% dos coletivos (607 ônibus) devem circular.

      A Urbanização Curitiba S/A (Urbs), responsável pela gestão do sistema de transporte, encaminhou às empresas de ônibus uma programação, informando o número de veículos de cada linha que deveriam ser mantidos em operação. Com a planilha em mãos, a expectativa do advogado das empresas, Carlos Roberto Ribas Santiago, era de que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) liberasse os trabalhadores para retornarem ao trabalho.

      No fim da tarde de ontem, os primeiros ônibus começaram a deixar as garagens. Segundo a última contagem, feita pela Urbs às 19h15, havia 119 veículos do transporte coletivo circulando. A principal dificuldade das empresas era que os motoristas e cobradores não conseguiam chegar às sedes para retornar ao trabalho.

      "A princípio, [hoje] tudo será mais tranquilo", avaliou Flávio Ferreira Júnior, que controlava a operação da Auto Aviação Marechal. "Acho que é possível cumprir integralmente [a decisão judicial, hoje]", disse o sócio da empresa Cidade Sorriso, Maurício Gulin.

      Na garagem da Marechal, os motoristas e cobradores que voltaram ao trabalho enfrentaram hostilizações por parte de colegas que mantinham piquetes no lado de fora da empresa. Os ônibus deixavam o local ao som de vaias e de gritos, como "baba ovo" e "puxa-saco do patrão". As empresas também repassaram ao TRT-PR denúncias de excessos cometidos pelos grevistas. Dois ônibus teriam sido depredados.

      Lotações

      A Urbs também manteve o esquema de veículos alternativos – "lotações" – para amenizar os efeitos da greve. Até o fim da tarde de ontem, mais de 260 veículos estavam cadastrados. Apesar de poderem cobrar, no máximo, R$ 6, houve denúncias de condutores que pediam R$ 9. Motoristas clandestinos também foram identificados.

      Colaboraram Rafael Waltrick, Carlos Guimarães Filho, Angieli Maros, Antônio Senkovski e Fábio Cherubini.

      Comércio abriu tarde e lojas ficaram vazias

      Pedro Brodbeck

      A paralisação do transporte público deixou grande parte do comércio de Curitiba às moscas ontem. Sem clientes e com poucos funcionários à disposição, o dia foi considerado perdido pelos empresários do setor. A região central foi a mais afetada da cidade. Sem a quantidade mínima de ônibus rodando, as lojas, que tradicionalmente abrem por volta das 9 horas, adiaram o início das atividades até que tivessem funcionários suficientes para operar.

      Na Magazine Luíza da Rua Pedro Ivo, as atividades começaram somente às 10 horas, quando os cinco primeiros colaboradores chegaram – normalmente, a loja abre uma hora antes com 15 pessoas. "Fizemos um esforço para atender algum cliente que apareça, mas a perspectiva é de movimento ‘zero’ hoje", disse a gerente do estabelecimento, Lívia Maria da Silva.

      Restaurantes e lanchonetes foram os mais afetados com a falta de mão de obra ao longo do dia. "É necessário um número mínimo de pessoas trabalhando para uma cozinha funcionar e a gente não pode demorar muito para começar o nosso dia", explicou a proprietária do restaurante Panela de Barro, Mariana Souto. Apenas uma das três unidades da rede abriu ontem, concentrando todos os funcionários que vieram trabalhar.

      Na rede de fast foods Fifties, apenas um funcionário da cozinha tinha chegado faltando apenas uma hora para o horário do almoço. Normalmente são necessárias ao menos cinco pessoas para preparar os lanches. Somente perto do meio dia que praticamente todos os estabelecimentos do centro passaram a funcionar, mesmo com efetivo reduzido.

      Alguns locais, no entanto, não conseguiram sequer reunir um número mínimo de pessoas para manter as atividades do dia. O sócio-proprietário do lava-car Auto Fast, Valdomiro Chagas, teve que pedir para que pelo menos dez proprietários buscassem seus carros por causa do cancelamento dos trabalhos. "É um prejuízo para nós. Recusamos os serviços do dia e ainda passamos uma péssima imagem para os clientes", lamentou.

      Indústrias

      Além do comércio do centro, algumas indústrias da Cidade Industrial de Curitiba também operaram em ritmo mais lento, principalmente as que não oferecem condução própria para os funcionários. Na Mondelez, por exemplo, algumas linhas foram paradas ao longo da manhã por falta de funcionários.

      Greve

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