Apesar do 13º salário ainda não ter caído na conta de motoristas e cobradores, empresários, prefeitura e Sindimoc saíram otimistas quanto a um desfecho positivo para a reunião iniciada na manhã desta segunda-feira (30). O encontro está ocorrendo às portas fechadas no 12º andar do Ministério Público do Trabalho. A reunião começou pouco depois das 9 horas desta segunda-feira, foi retomada às 14h30 e tenta evitar uma greve da categoria a partir da zero hora da próxima terça-feira (1.º).
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“Ainda precisamos de algo mais palpável para mudarmos nossa posição. Mas é possível que haja um desfecho favorável aos trabalhadores. Claro que o que queremos é uma solução definitiva para que não cheguemos ao quinto dia útil [de dezembro] com novo risco de greve”, disse Anderson Teixeira, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus de Curitiba e região (Sindimoc).
A audiência ocorre um dia antes da data marcada para o início da greve no sistema de transporte da capital e da região metropolitana, prevista como uma resposta ao anúncio das empresas de que precisarão demitir cerca de 2 mil funcionários nos próximos meses por não ter dinheiro para pagar o 13.º salário deste ano.
Em entrevista na última sexta, Roberto Gregório, presidente da Urbs, havia declarado que via na ação das empresas uma forma de pressionar a prefeitura a aumentar a tarifa técnica, hoje fixada em R$ 3,21. Os empresários pedem o valor de R$ 3,40. Essa diferença, segundo cálculos das viações, cria um rombo mensal de R$ 4 milhões no sistema. No domingo (29), por meio de uma nota, as empresas responderam Gregório dizendo que “repudiavam” as declarações e que a atitude dificultava as negociações.
Hoje, porém, o presidente da Urbs adotou outro tom. Na saída para o intervalo da reunião, Gregório disse que está e sempre esteve otimista. “Desde o início da gestão [estamos otimistas]. Estamos praticando um tripé calcado no respeito, transparência e diálogo para pacificar o sistema de transporte coletivo de Curitiba”.
Guerra entre prefeitura e viações se acirrará nos próximos três meses
Leia a matéria completaSobre como entendia ser possível a pacificação em um cenário de ameaça de demissão de dois mil trabalhadores, Gregório tergiversou. “Fiz uma notificação para receber informações detalhadas sobre previsão de eventuais demissões e ainda não recebemos retorno. Mas acreditamos que, com as medidas de conciliação em curso, será possível sanar essas questões. Até porque os postos de trabalho são fundamentais para o cumprimento do contrato em sua plenitude. Caso todas essas demissões fossem no sistema urbano de Curitiba, não seria possível cumprir o contrato de concessão”.
Empresas
O presidente do Setransp, Maurício Gulin, também mostrou otimismo na tentativa de evitar a greve do sistema de ônibus de Curitiba. Ele disse, inclusive, que o pagamento da primeira parcela do 13º salário, previsto para hoje, poderá ser feito sem que haja um desfecho satisfatório às empresas sobre a tarifa técnica.
“Apesar das várias dificuldades, a possibilidade [de pagamento] é grande. As empresas estão buscando recursos de todos os lados, até bancários, para dar suporte à população de Curitiba e região metropolitana. Mas precisamos avançar, porque chegou o momento de tomar soluções para o sistema.”
O histórico de 2015
O ano foi de incertezas para os usuários do transporte de Curitiba e os trabalhadores do setor:
Janeiro - No dia 9, a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, foi transformada em estacionamento para ônibus do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana. A ação fez parte de uma paralisação convocada pelo Sindimoc e, durante quatro horas, deixou os usuários de ônibus a pé. Para tentar impedir a greve, a prefeitura de Curitiba depositou, em caráter emergencial, R$ 3,8 milhões no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC). O dinheiro foi utilizado para pagar parte da dívida acumulada com as empresas de ônibus. Em 26 de janeiro, o sistema parou por completo. Diante do atraso no pagamento do adiantamento salarial de 40%, previsto para o dia 20 de janeiro, o Sindimoc convocou greve geral. A paralisação durou quatro dias. No dia 30, a Comec anunciou o fim da integração financeira com o sistema urbano.
Março - O Sindimoc apresentou novo indicativo de greve por não haver acordo em relação ao reajuste salarial de 2015. Após acordo entre trabalhadores e empresários, o indicativo foi retirado.
Junho - Os trabalhadores voltaram a apresentar um indicativo de greve e atrasaram a saída dos ônibus na manhã de 16 de junho. Eles denunciaram uma suposta perseguição a dirigentes sindicais e o descumprimento de pontos da convenção coletiva de trabalho.
Setembro - Motoristas e cobradores de linhas de ônibus que passavam pelo terminal Santa Cândida cruzaram os braços no dia 21 em protesto contra o não recebimento do vale (antecipação salarial de 40%). No terminal do Boqueirão também houve bloqueio parcial. Com três dias de atraso, os vales foram pagos por todas as empresas e uma greve geral foi descartada. No mesmo mês, a Urbs definiu a tarifa técnica para 2015 em
R$ 3,21. O aumento de R$ 0,28 ficou abaixo do que era pedido pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região (Setransp), que solicitava uma tarifa de R$ 3,40.
Outubro - Novamente, os motoristas e cobradores cruzaram os braços em protesto pelo atraso no pagamento do adiantamento salarial. O ato ocorreu durante a madrugada e mais um indicativo de greve foi aprovado. A ameaça foi descartada após os pagamentos.
Novembro - Pelo terceiro mês seguido, os trabalhadores aprovaram um indicativo de greve. Dessa vez, porém, a intenção foi prevenir um possível atraso no pagamento dos adiantamentos salariais. O vale foi pago, mas logo depois, no dia 25, o Sindimoc, recebeu dois ofícios das empresas informando que o 13º da categoria não seria pago no dia 30 e que os salários de dezembro e janeiro também teriam atrasos. Na sexta (27), a categoria aprovou, então, uma greve geral. Se não houver acordo, a paralisação começará na terça (1º de dezembro).
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