O enterro de Miguel Gutbier mobilizou dezenas de pessoas na tarde de ontem, em Araucária. O velório reuniu a família, amigos, vizinhos, professores e funcionários da escola. Pessoas desconhecidas que haviam se emocionado com o caso do menino também prestaram homenagem e ofereceram apoio.
Muito emocionada, toda família estava presente e a irmã mais velha de Miguel, Gisele, de 11 anos, chegou a desmaiar e ficou até o início da noite em observação em uma unidade de saúde. Ela e as duas outras irmãs, Jéssica e Josiane, 10, haviam carregado o pequeno caixão do local onde estava sendo velado o corpo até o carro da funerária.
Segundo a avó das crianças, Marlene de Sousa, todos ainda estavam confusos com o que aconteceu. "A gente ficava triste por um lado, aliviada por ele ter parado de sofrer e revoltada, por não ter conseguido fazer mais nada por ele", diz. Segundo ela, há também uma certa tranquilidade. "Achamos que o Miguel ficou mais confortado. A última coisa que ouviu antes de partir foi sua mãe dizendo que o pai o reconheceria no céu e ficaria com ele", diz.
Nos últimos dias, o caso do menino havia mobilizado muita gente. Notícias sobre doações em dinheiro e material de construção para aquela que seria a nova casa da família chegavam a todo momento. Antes da morte do menino, a prefeitura de Araucária, que havia prometido R$ 7 mil para a família, informou que só pagaria o valor vinte dias após o transplante do menino. Para Araci Asinelli da Luz, dificilmente a família vai receber o auxílio agora. "Eles informaram que depositariam R$ 900 para as despesas com o velório, e não falaram no restante do valor. Mas como conhecemos a situação da família, vamos continuar buscando ajuda onde pudermos", diz Araci. Miguel não era a única criança da família com saúde frágil. As gêmeas também têm problema no coração. E o caçula, de 8 meses, nasceu com uma doença nos ossos.
A casa em que a avó de Miguel vive com os netos deve ser derrubada, e as doações recebidas vão ajudar a construir uma nova. "Ontem muita gente que havia depositado dinheiro na conta da Marlene ligou para avisar que não estava arrependida e que continuaria colaborando", conta Araci.
Representantes do Grupo de Amigos do Miguel também informaram que a busca por materiais de construção e limpeza, roupas e móveis vai continuar. (AC)