Brasília – As equipes ministeriais de 2003 e 2007 são igualmente reflexos da transformação produzida pelo poder no presidente Lula. O time de quatro anos atrás foi montado na certeza de que boas intenções ou vontade política seriam suficientes para resolver os problemas acumulados no país. Isso explica a nomeação de vários políticos petistas derrotados nas eleições de 2002 para cargos que exigiam conhecimento técnico específico que não detinham.

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O mau desempenho do Ministério de 2003 – que foi trocado substancialmente já em 2004 – fez com que Lula não repetisse com a mesma intensidade o erro daquele ano. Embora ainda mantenha um espaço aberto para aliados políticos, desta vez a escalação será mais pragmática. O presidente deve anunciar sua reforma ministerial apenas em fevereiro e levará em conta a necessidade de reforçar alianças políticas nem sempre as mais empolgantes. Com isso, a tendência é que o novo Ministério seja mais parecido com os de seus antecessores, Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Fernando Collor e José Sarney, numa mistura de gerentes com políticos puro-sangue.

A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, deixou claro em entrevista na semana passada que esse será o perfil adotado para a futura equipe. Segundo Dilma, Lula não quer ministros que sejam apenas técnicos ou apenas políticos. Quer agora que eles tenham conhecimento da área que assumirão, mas que possuam também compromisso público. "O presidente vai fazer questão da característica dupla, de técnicos comprometidos com o país", afirmou ela.

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Os números demonstram que foi um equívoco de Lula a nomeação, em 2003, de políticos derrotados nas eleições e de "companheiros" petistas para a primeira equipe ministerial. Daquele grupo de políticos derrotados, quase nenhum permanecerá no governo. A exceção é o atual ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, que deve ser deslocado para o Ministério da Justiça no lugar de Márcio Thomaz Bastos, que deixará o governo. E, mesmo assim, se a nomeação for confirmada, será a quarta pasta ocupada por Genro no governo Lula.

Outros derrotados/ministros da primeira equipe, como Humberto Costa, Benedita da Silva, José Fritsch, Nilmário Miranda e Emília Fernandes, por exemplo, já estão longe do governo.

No primeiro mandato, Lula também deixou clara sua dificuldade para conseguir montar um primeiro escalão permanente. A partir de 2007, o quinto ano de seu governo, ele terá formada sua quinta equipe ministerial, na média de uma por ano.