A escola Professor Eduardo Velho Filho, em Bauru, a 330 quilômetros de São Paulo, é a melhor da rede pública do Estado de São Paulo avaliada pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), excetuando as instituições de ensino técnico. O colégio se tornou integral em 2013, o que, segundo os dirigentes, possibilitou a evolução dos seus 280 alunos do ensino médio. Mas a coordenadora-geral da escola, Emily Querobim Ionta Daccach, atribuiu o sucesso do desempenho ao sistema que acompanha o desenvolvimento individual de cada aluno e dá a eles a responsabilidade de participar do processo de gestão do seu conhecimento.

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“Aqui o aluno participa, não é apenas o professor o responsável pelo aprendizado”, afirma a diretora da escola, Giovana Xavier de Almeida, enumerando as vantagens do sistema. “Eles têm até um clube de ajuda aos colegas, facilitando a resolução dos problemas, e ainda fazem ações de acolhimento aos novos estudantes”, conta Giovana.

A transformação da escola em período integral facilitou a evolução, diz Emily. Ela explica que a parte diversificada do currículo, com aulas eletivas, de formação e de projetos de vida, deu aos estudantes mais responsabilidade sobre si mesmos e vontade de estudar. “Quando entrei aqui percebi que era diferente, porque me senti como parte do processo de aprendizado, o que não acontecia na escola onde estudava, que é particular”, explica o estudante Gabriel Mello, de 17 anos, que obteve 650 pontos como treineiro do Enem, quando estava no 2º ano do ensino médio. Gabriel pretende cursar Astronomia na Universidade de São Paulo (USP).

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Assim como Gabriel, as estudantes Juliana Betti, Isadora Figueiredo e Juliane Meirelles - todas saídas de escolas particulares para fazer o ensino médio na Professor Eduardo Velho Filho, também tiraram notas acima de 650 e ressaltam as qualidades do “aprendizado construtivista”.

“Aqui, a gente pode gerenciar nosso aprendizado”, diz Isadora. “Eu consegui ter uma visão do que é o mundo fora da escola e do que realmente eu quero para minha vida, o que eu não conseguia na escola particular”, completou Juliana.

Segundo a coordenadora-geral, “a metodologia é centrada no que o estudante precisa aprender e como”. Ela conta que a escola faz um acompanhamento individual de cada aluno, que tem um tutor responsável para ajudá-lo a melhorar os aspectos que ele precisa. “O tutor é um professor que se reúne uma vez por semana, sempre na hora do almoço, com o estudante e o orienta para que tenha suas expectativas atendidas no bimestre”, explica. Os tutores são nomeados após reuniões pedagógicas diárias nas quais o desempenho dos alunos é avaliado por meio de planilhas individuais. A escola também possui laboratório para aplicar as aulas na prática.

Os estudantes também têm a possibilidade de escolher aulas eletivas de acordo com seu interesse por uma das áreas. São seis possibilidades de matérias, uma por semestre. “Ele escolhe as aulas de acordo com seu interesse de atuação.

Pode escolher uma relacionada à biomédicas e, se não se interessar, pode escolher outra no próximo bimestre, até chegar àquela que atenda suas expectativas”, diz Emily. “É o que chamo de educação interdimensional, que não fica só focada na parte acadêmica, mas também nas outras dimensões humanas”, diz. “Com mais responsabilidade e vontade de aprender, o aluno vai estudar mais e tirar boas notas, como ocorreu no Enem”, explica.

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Dos 280 estudantes da escola, 44,8% são de famílias com renda entre 3 e 4 salários mínimos e apenas 10% são de famílias com renda acima de 6 mínimos. Do total de alunos, 112 usam transporte público, pois muito são de bairros distantes. A escola tem apenas 14 professores, que, segundo a diretora Giovana, “vivem em formação continuada, o que é primordial para a qualidade da escola”.