Projeto de carro compartilhado aposta no consumo colaborativo
Você sabia que um carro particular fica em média 22 horas por dia parado, desligado? Esse é um dado interessante em um país que sofre diariamente com congestionamentos quilométricos e com a dificuldade de estacionar em locais públicos.
Soluções para sanar os problemas de mobilidade urbana no Brasil geralmente estão associadas a iniciativas governamentais, como ampliar o sistema de transporte público, investir em outros meios de locomoção, como metrôs e teleféricos, ou apelar para a consciência da população e incentivar o uso de bicicletas.
André Marin, empreendedor e CEO da start-up Fleety, especializada em soluções de mobilidade compartilhada, pensou em algo mais: por que não compartilhar o uso de um carro que, afinal, fica tantas horas parado enquanto poderia estar servindo às necessidades de outra pessoa?
Foi assim que ele decidiu desenvolver no Brasil o projeto de carro compartilhado. Marin aposta em uma mudança comportamental do brasileiro, que hoje em dia não deseja mais adquirir um veículo, mas apenas se deslocar com eficiência, rapidez e baixo custo.
"As pessoas necessitam locomover-se, ir de um lugar a outro, mas não querem mais ter que comprar um carro para isso", explica.
O sistema de carro compartilhado funciona da seguinte maneira: o proprietário de um veículo que deseje alugar seu carro efetua um cadastro na Fleety com informações pessoais e dados do automóvel. É ele também que estabelece o valor de locação e os horários e períodos em que o carro estará disponível para outro usuário.
Ao locatário interessado, cabe acessar o banco cadastral da Fleety e escolher qual veículo atende às suas necessidades. Os carros cadastrados são segurados, e o sistema de pagamento está em fase de teste.
O projeto será lançado primeiro em Curitiba e região metropolitana em junho, e em setembro deve ser lançado nacionalmente.
De acordo com Marin, durante as fases de idealização e construção do projeto foram realizadas pesquisas que indicaram grande interesse no negócio por parte de potenciais usuários. "É uma mudança cultural de percepção. Hoje em dia o que interessa é a experiência de ir e vir, e não mais a aquisição do meio", disse. (CP)
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Mobilidade urbana e bairros eco-sustentáveis foram os temas de discussão na manhã desta quinta-feira (8) na Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI 2014). O austríaco Rudolf Giffinger, professor responsável pelo Centro de Pesquisa Urbana e Regional do Departamento de Planejamento Espacial dos Ambientes da Universidade de Tecnologia de Viena, apresentou palestra sobre mobilidade urbana e cidades inteligentes. Giffinger pesquisa o modelo metropolitano policêntrico, baseado no desenvolvimento descentralizado das áreas da cidade, de maneira que cada bairro consiga ser sustentável e suprir as demandas de seus moradores segurança, trabalho, educação, saúde e entretenimento. Para tanto, é necessário que os cidadãos sejam educados a solucionar os problemas do seu entorno, tornando-se protagonistas do gerenciamento de recursos disponíveis e da articulação das mudanças.
"Um bairro eco-sustentável se desenvolve a partir do empoderamento de seus moradores. As soluções são locais, adaptadas às necessidades daquelas pessoas e às condições ambientais do local", explicou, citando o exemplo do teleférico do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o primeiro transporte público por cabo do país.
Curitiba
Sobre Curitiba, cidade que visita pela primeira vez, Giffinger afirmou estar impressionado com a organização do transporte público e observou que o planejamento da cidade combina características do planejamento americano, caracterizado pela horizontalidade, com ruas e espaços públicos amplos, e do planejamento europeu, mais verticalizado, que busca otimizar o espaço urbano.
Mobilidade consciente
Atuante no campo da bio-arquitetura, o italiano Roberto Ervas propôs uma reflexão sobre a promoção da qualidade de moradia e do território a partir do desenvolvimento do seu capital social, o que engloba desde iniciativas voltadas para áreas residenciais até para a mobilidade urbana e o transporte público.
De acordo com Ervas, a mobilidade urbana é acima de tudo um processo educativo e de conscientização ética, que resulta na adoção espontânea de práticas de transporte público mais sustentáveis.
"O aspecto positivo de um sistema de transporte eficiente, que gere uma mobilidade que de fato sirva à coletividade de maneira ecológica, é a implementação do capital social da população que usufrui o bem público", avaliou.
Tanto o público quanto o privado devem investir em projetos de valorização social e territorial. Nesse sentido, Ervas também destacou a importância de compreender a cultura popular informal para identificar necessidades e possibilidades de adequação de meios de transporte a essas demandas sociais.
Um sistema de mobilidade urbana eficiente, segundo ele, possibilita a melhor organização do espaço social e, principalmente, incentiva a adesão da população a meios mais ecológicos, como a bicicleta ou o carro compartilhado. "Trata-se da articulação entre infraestrutura física e responsabilidade coletiva e individual para com o entorno", finaliza.
Modelo de urbanização descentralizado visa ampliar autonomia do cidadão
No período industrial, o padrão de mobilidade urbana era pendular: o indivíduo ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Hoje, esse padrão é muito mais sofisticado e complexo, entre a saída de casa e o retorno, há um trajeto com pontos de parada e tempos diversos. A noção de cidade distribuída pretende atender as demandas desse sujeito que, embora precise circular diariamente por vários locais para realizar inúmeras atividades, não quer perder horas percorrendo grandes distâncias entre um ponto e outro.
"Uma cidade distribuída é uma cidade que se organiza de maneira reticular, descentralizada e integrada. É uma cidade compacta, não pequena, mas compacta, de pequenas distâncias. Os serviços urbanos são mais acessíveis, melhores distribuídos", explica Caio Vassão, doutor em Design e Arquitetura, que apresentou um protótipo de cidade distribuída no Fórum de Tecnologias para Cidades.
De acordo com Vassão, a cidade distribuída já é um movimento em curso. Ele destaca o modelo emergente de organização e distribuição de trabalho, chamado call work. Trata-se de espaços de trabalho compartilhados de acordo com as necessidades de cada trabalhador. Hoje, segundo Vassão, grandes empresas estão aderindo ao call work porque o modelo descentralizado facilita o acesso tanto para os funcionários quanto para o público, além de adequação do serviço às demandas de cada área.
O modelo de cidade distribuída possibilita que cada cidadão desenvolva uma percepção mais sofisticada da cidade em que vive e possa assim participar mais ativamente da construção de um espaço urbano que não funciona apenas na região central, mas em toda a sua dimensão.
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