Policiais responsáveis por investigar homicídios cometidos em Curitiba são os primeiros a deixar registrado os problemas que enfrentam: com a estrutura que têm hoje, é impossível elucidar os crimes. Nas páginas dos inquéritos, delegados, investigadores e escrivães relatam em termos fortes as dificuldades que têm para tentar dar conta do grande volume de trabalho.
Os "apelos" não são incomuns. Entre as investigações de mil homicídios, a Gazeta do Povo encontrou mais de 700 anotações do gênero. Em janeiro de 2011, um escrivão reclama do fato de ter de atuar ao mesmo tempo em mais de 800 inquéritos. Em março de 2012, outro escrivão faz comentário semelhante: diz ter em seu cartório mais de 1,4 mil autos.
Os escrivães incluem nos inquéritos um texto já padronizado quando precisam pedir mais prazo para uma investigação. O registro reforça que, além de fazer plantões de fim de semana e trabalhar de madrugada, há "inúmeros procedimentos atuais que exigem atenção imediata, pois quanto mais distante do fato mais difícil se torna a solução do procedimento". O texto, que consta em um dos documentos a que a Gazeta do Povo teve acesso, por exemplo, conclui que "torna-se humanamente impossível dar seguimento a todos os inquéritos policiais sob minha responsabilidade".
Um policial admite, em fevereiro de 2010, que abandonou, pelo menos temporariamente, a investigação referente à morte de C.C.. "Diante de tais circunstâncias, devido ao acúmulo de boletins, resolvi suspender temporariamente as investigações, sendo que, se surgir algum fato novo e concreto, comunicarei imediatamente ao delegado responsável pelo caso." Três anos depois, o assassinato continua sem solução.
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