Reações
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, afirmou que o protesto contra o governador Sérgio Cabral começou como um movimento legítimo, mas "desbordou para uma manifestação com traços de fascismo". O ato foi acompanhado por 50 advogados voluntários que o mantiveram informado até as 5 horas da manhã de ontem.
"O que estamos vendo na internet, lendo nas últimas 24 horas, tem um caráter autoritário, fascista e que desconsidera o processo democrático brasileiro", disse.
O diretor-executivo da Anistia Internacional, Átila Roque, avaliou que a escalada da violência tem a ver com a repressão policial "indiscriminada".
Para impedir protestos que atrapalhem as atividades religiosas dentro do Campus Fidei, onde deverão se reunir 1,5 milhão de peregrinos nos dias 27 e 28, os dois últimos da Jornada Mundial da Juventude, as Forças Armadas montarão barreiras num raio de quatro quilômetros do terreno, em Guaratiba, na zona oeste do Rio. Não está prevista revista generalizada, mas grupos considerados suspeitos serão vetados, assim como pessoas usando máscaras, como tem sido visto em manifestações no último mês na cidade.
A segurança na área e entorno ficará a cargo de 7 mil militares do Exército e da Marinha. Somente os da parte externa disporão de armas letais e não letais, disse ontem o general-de-divisão José Alberto da Costa Abreu, do Centro de Coordenação de Defesa de Área do Rio. No palco onde o papa falará aos fiéis, no qual também estará a presidente Dilma Rousseff, 400 policiais trabalharão de terno.
"Já estávamos trabalhando com a possibilidade de haver movimentos contestadores. É claro que não vamos chegar com munição letal ou não letal num ambiente de 1,5 milhão de pessoas", garantiu Abreu.
A "Operação Papa" contará com 13,7 mil agentes de segurança, entre militares, policiais e demais órgãos de segurança e da ordem pública. As Forças Armadas cuidarão de estruturas estratégicas de fornecimento de água, energia, transportes e telecomunicações, fundamentais à realização da JMJ. Os militares só irão as ruas conter manifestações caso o governador Sérgio Cabral assim solicite à presidente Dilma. "Será só se a situação sair do controle. Nas manifestações ocorridas previamente, isso não ocorreu", afirmou Abreu.
Vandalismo
A preocupação aumentou depois que um protesto iniciado na noite de quarta-feira terminou de forma violenta, deixando um rastro de destruição principalmente no Leblon. Inicialmente, após dispersar o primeiro foco de resistência, o Batalhão de Choque não impediu atos de vandalismo. Jovens com rostos cobertos agiram livremente por mais de uma hora, destruindo agências bancárias, lojas e o mobiliário urbano do bairro. O mesmo ocorreu com abrigos de ônibus, lojas, totens de propaganda, relógios de rua e fachadas. Muros foram pichados com "Fora Cabral" e barricadas de fogo impediam a passagem de carros.
Ontem, o governador Sérgio Cabral convocou a cúpula da segurança e os chefes do Ministério Público, da Defensoria Pública, da OAB-RJ e do Tribunal de Justiça para uma reunião de emergência.
Após a reunião, o governo divulgou uma nota classificando os atos de vandalismo de "afronta ao Estado Democrático de Direito".
Despojamento cria "órfãos" de Bento XVI
Nada de cruz de ouro, apetrechos dourados na roupa, sapato vermelho ou carros de luxo. A ordem é do papa Francisco, num esforço de trazer a Igreja mais próxima do povo. Mas, se as iniciativas causaram elogios, não são poucos os que se queixam: os "órfãos" do papa emérito Bento XVI, vendedores, comerciantes, alfaiates e até uma prefeitura estão hoje preocupados com as atitudes do novo papa, que já significam prejuízos.
Pior para Castel Gandolfo, que recebe papas desde o século 19. Neste ano, Francisco já avisou que não vai tirar férias de verão. A cidade vive da presença do pontífice: quando ele está lá, a população dobra, os hotéis lotam e a estadia garante a economia local por meses. Há uma semana, a prefeita Milvia Monachesi não escondia o desespero e reiterava convites para o papa pelo menos visitar o local.
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