A primeira homilia do papa Francisco no Brasil será sobre o primeiro milagre atribuído a Jesus, que teria transformado água em vinho no episódio das bodas de Caná, festa de casamento que teve a presença de Cristo, Maria e dos apóstolos. O evangelho compõe a liturgia especial escolhida para a missa de hoje, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Na prática, serão os mesmos textos adotados na festa da padroeira do Brasil, em 12 de outubro. Cerca de 15 mil devem participar da celebração.
"Por se tratar de ocasião especial, foi dada a liberdade de escolha e optamos por seguir o rito mariano", diz o prefeito da basílica, padre Valdivino Guimarães. A expectativa é de que o pontífice discorra sobre o tema por cerca de dez minutos, com direito a sermão em português e os já tradicionais improvisos.
Quando chegar ao santuário, na manhã de hoje, o papa terá um encontro intimista com a imagem original da santa, encontrada no Rio Paraíba em 1717. Exposta aos fiéis em uma caixa de vidro blindado no alto de uma das torres da Basílica, a "santa será virada na direção do pontífice", que estará do outro lado da parede, em uma capela reservada a ele e a outros 60 sacerdotes. Um dispositivo eletrônico permitirá o giro, que deve durar 20 minutos. Em seguida, a imagem de madeira volta ao lugar de exposição e se inicia a missa.
Do presbitério, Francisco vai ouvir jovens proclamando leituras, orações e cânticos, comandados por um coral e uma orquestra formados por 180 pessoas. Entre as surpresas programadas para a missa especial estão a participação de 27 fiéis, representando os 27 estados brasileiros durante a procissão do ofertório, e de um garoto de 8 anos, que levará flores para o pontífice.
A lista de presentes inclui uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma capelinha de madeira com o desenho da santa e um livro com os nomes de todos os dizimistas da Basílica. Na saída da celebração, o papa ainda vai abençoar dez cadeirantes e cinco representantes de outras religiões.
Polícia promete barrar cartazes de protesto
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Na tentativa de evitar que protestos contra a igreja ou políticos cheguem às vistas do papa Francisco, a Polícia Militar de São Paulo vai barrar na entrada do Santuário Nacional de Aparecida cartazes, bandeiras e faixas que "ofendam a integridade do pontífice e da nação". Segundo o tenente-coronel Marcos Vieira, que coordena a ação do órgão na proteção do líder da igreja em São Paulo, manifestações próximas a Francisco serão "sufocadas de imediato". Três grupos ligados a movimentos de moradia prometem um ato.
Os protestos que tomaram o Rio, onde o papa está hospedado, nos últimos dois dias serviram de "alerta" aos órgãos responsáveis pela segurança do pontífice em São Paulo e fizeram algumas corporações ampliarem seus efetivos em Aparecida. A Polícia Federal, por exemplo, aumentou de 300 para 400 o total de profissionais na operação. No total, 5 mil homens trabalharão na segurança do sumo pontífice 2,2 mil só do Exército.
Viagem
Houve ainda um pedido de reforço no policiamento tático pela mudança no itinerário que o papa terá de cumprir para chegar a Aparecida. O plano inicial era que o pontífice pegasse um helicóptero no Rio e pousasse já no estacionamento do santuário de Aparecida. Mas o tempo fechado e a possibilidade de chuva fizeram a Aeronáutica rever os procedimentos.
Até a noite de ontem, a Força Aérea Brasileira confirmava que Francisco viajaria de avião até São José dos Campos e, de lá, usaria um helicóptero para chegar até o santuário. A possibilidade de o papa ter de se deslocar de carro de São José até Aparecida, porém, não foi descartada. A previsão é que o papa chegue a Aparecida às 10 horas, atraso de 30 minutos em relação ao cronograma original.
ExageroCardeal de São Paulo critica "psicose da segurança"
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