A comparação do orçamento da educação no Brasil e em outros países coloca especialistas em lados opostos. Há quem defenda a necessidade de investir 10% na educação; outros dizem que não é preciso mais dinheiro, mas sim mais fiscalização e controle.
O sociólogo e cientista político Rudá Ricci, membro da organização de controle Fórum Brasil do Orçamento, diz que o Brasil destina mais dinheiro para a educação do que alguns países ricos. “Ficamos em torno de 6% do PIB, os Estados Unidos, 5%, o Japão, 3,8%. Não precisamos de mais dinheiro, mas de mais controle. Temos dinheiro, mas está sendo desviado para corrupção na merenda e outras coisas”, argumenta. Segundo ele, muitas pesquisas mostram que o que mais influi no aprendizado é a escolaridade da mãe, e isso independe de investimento em educação básica.
Doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Andrea Barbosa Gouveia afirma que a meta de 10% não é irreal nem irresponsável, mas necessária. A pesquisadora rebate a comparação com outros países. “Não é porque os outros gastam 5% que temos de gastar também. Qual é o tamanho do PIB americano? Além disso, temos de pensar no porcentual de pessoas que temos em idade escolar, no tamanho do países, nas suas necessidades. Hoje temos muitas crianças fora da educação infantil, por exemplo”, afirma Andrea.
Segundo o professor da USP José Marcelino Rezende Pinto, o indicador mais adequado quando se comparam os investimentos entre países é o gasto por aluno. Segundo dados mais recentes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil investe cerca de US$ 3 mil anuais por aluno da educação básica, enquanto, em média, os países da OCDE gastam cerca de US$ 10 mil. Para Andrea Gouveia, o que agrava a situação do Brasil é que o país tem uma dívida educacional histórica, com índices baixos de escolarização. “Não significa que teremos de gastar 10% do PIB para sempre. Depois, com um sistema mais robusto, talvez possamos ter um patamar de investimento um pouco menor”, diz.
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