A centralização da confecção de carteiras de identidade de todo o Paraná na capital faz com que o documento chegue a demorar cinco meses para ficar pronto em algumas cidades do interior. Todas as solicitações e documentação são enviadas ao Instituto de Identificação, em Curitiba, para checagem e montagem das carteiras. Existe atualmente uma fila de espera de 126 mil protocolos conforme o município de origem, a papelada passa por 13 setores antes do documento ficar pronto.
Desde o início de junho, a auxiliar de cozinha Maria Tereza Lubinski aguarda a entrega do documento de identidade, em Matinhos, litoral do Paraná. Ela pediu uma segunda via com retificação de dados, porque se separou do marido e vai voltar a usar o nome de solteira. "Já reclamei em diversos lugares. Chegaram a me orientar a fazer o documento em Paranaguá, informando um endereço falso", reclama. No Centro-Oeste do estado, a dona de casa Luzia Souza Rodrigues, de Campo Mourão, já completou dois meses de espera pela entrega da identidade da filha. "Quando eu fiz, me disseram que em 15 dias estaria pronta", afirma.
Problema social
"O que mais me aflige não é a fila, mas o problema social por trás dela. Eu não sei em que situação de urgência essas pessoas se encontram", admite o diretor do Instituto de Identificação do Paraná, Luiz Fernando Artigas. A demora existe, segundo ele, porque muitos dos documentos solicitados pelo interior precisam passar por uma triagem mais demorada, por falta de requerimentos eletrônicos de preenchimento. O que poderia ser feito em cinco etapas, passa por 13. "Antes de fazer a carteira, checamos detalhadamente se realmente se trata de uma primeira via, segunda via ou segunda via com retificação de dados. Com a etapa eletrônica, essa checagem é imediata", detalha. O sistema de confecção de carteiras deve passar em breve por uma informatização e descentralização em cidades-pólo, com um investimento em torno de R$ 8 milhões. "Estamos em fase de licitação. Temos muita urgência dessa mudança, para que o sistema seja totalmente implantado antes de uma possível troca de governo", destaca.
Sem salário
No caso da carteira de trabalho, que é emitida em seis cidades pólo no estado, a demora chega a um mês. Foi este o prazo informado ao jogador juvenil de futebol, Muriel Leite Magalhães, 17 anos, que fez o pedido para confeccionar a carteira de trabalho na última semana, em Campo Mourão. O clube onde Magalhães treina começou exigir a carteira de trabalho para fazer o pagamento do salário. "Acredito que até a carteira ficar pronta vou ficar sem salário", conta o rapaz. Segundo a chefe do setor de identificação e registro profissional da DRT (Delegacia Regional do Trabalho), Regina Canto Docanto, o limite, por lei, é de um máximo de 15 dias úteis para a entrega da carteira. "Só em casos excepcionais o prazo é ultrapassado. Se o protocolo informar um prazo maior que este, a população deve informar a central da DRT", informa.
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