Eram 21h35 de terça-feira (25) quando o avião da TAM vindo de São Paulo pousou no Aeroporto de Londrina, no Norte do Paraná, trazendo a estudante Karina Ali El Majzoub, 21 anos. Ela retornou do Líbano, onde estava desde o dia 23 de maio em visita a avó materna. No saguão, a emoção tomou conta dos pais, do irmão e dos muitos amigos que passaram os últimos 13 dias angustiados com a situação da estudante, que para fugir dos bombardeios israelenses, refugiou-se na Síria.
A avó de Karina vive em Gaza, no Vale do Bekaa, na parte leste do Líbano, e quando os bombardeios começaram e o aeroporto local foi fechado, ela foi levada por um parente para a Síria para tentar antecipar a data de sua volta ao Brasil. Os planos, no entanto, tiveram de ser alterados. Karina não conseguiu remarcar a passagem e nem voltar ao Líbano e teve de procurar abrigo na casa de parentes que moram na Síria. "Ela não levou bagagem, nada. Meu primo voltou para o Líbano sozinho para buscar as coisas da Karina, que tentava junto à embaixada voltar para o Brasil", contou o pai, o comerciante Ali Mohamad El Majzoub.
"A gente achava que os ataques durariam dois ou três dias, no máximo. Ficamos desesperados", disse a mãe, Hiam Smaili, que chegava a ligar para o Líbano e para a Síria até duas vezes ao dia para saber notícias da família. "Acho que emagreci uns quatro quilos".
Mesmo quando Karina avisou os pais que a embaixada brasileira havia conseguido um lugar para ela em um dos vôos que iriam trazer de volta os brasileiros que estavam no Oriente Médio, a angústia da família não diminuiu. Ela seguiu para a Turquia de ônibus e o trajeto que normalmente demora cinco horas, levou 18 horas para ser percorrido por conta de problemas mecânicos com o veículo.
Ao desembarcar no Aeroporto de Londrina, Karina relatou as cenas da guerra que presenciou. "Havia criancinhas feridas, ruas destruídas. Todos estão se ajudando. Estou muito feliz de voltar ao Brasil".
A estudante disse que os parentes que ficaram no Oriente Médio estão apavorados. "Foi duro deixá-los", disse. "Jogaram uma bomba na cidade onde eu estava, mas eu já havia ido para a Síria. Liguei para os meus parentes e estavam todos gritando". Mais informações sobre o conflito no Oriente Médio na página 11.
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