Calouros de uma faculdade de Catanduva tiveram que abaixar as calças no meio da rua, em pleno viaduto que passa sobre uma das mais movimentadas avenidas da cidade. As roupas das moças foram cortadas.
Um site publicou fotos que mostram os estudantes em situação constrangedora.
O coordenador do curso explica que a faculdade teve conhecimento e tenta identificar agora os estudantes que participaram do trote.
Araçatuba
Os calouros dos cursos de medicina veterinária e de odontologia do campus da Unesp de Araçatuba também passaram por constrangimento durante trotes na universidade.
Os veteranos teriam obrigado os novos alunos a rasparem os cabelos, consumir bebida alcoólica e tomar banho de lama. O trote aconteceu dentro da própria universidade. Ninguém ficou ferido.
Os pais dos calouros fizeram reclamação à direção da Unesp. Em Araçatuba, nenhum diretor da universidade foi encontrado para falar sobre o assunto.
Em Santa Fé do Sul, a estudante de 18 anos Priscila Muniz, grávida de três meses, sofreu agressões durante trote universitário violento próximo à faculdade.
Outro caso foi do estudante Bruno César Ferreira que se recupera na casa dos pais. Ele entrou no curso de medicina veterinária de uma universidade particular de Leme. No primeiro dia de aula, Bruno foi parar no hospital, com marcas pelo corpo da violência que sofreu no trote.
Ele contou que foi levado a um bar e se recusou a beber, depois foi amarrado a um poste, chutado e chicoteado. Depois que desmaiou, os veteranos tentaram reanimá-lo e, como não conseguiram, teriam deixado o rapaz na rua. Ele foi socorrido pela mãe de outra estudante.
Sindicância
Quando casos assim acontecem, a maioria das faculdades toma quase sempre as providências: abrem sindicância para apurar o caso, mas dizem não poder fazer nada porque os trotes acontecem fora da universidade.
Essa explicação não convence o Ministério Público Federal. "A universidade tem um papel de formar cidadãos. Mais do que formar profissionais, ela tem que dar uma capacitação para que as pessoas possam viver em sociedade de forma digna", diz o procurador Jéferson Aparecido Dias. "Se a universidade não tem condições de fazer isso, não está cumprindo o seu papel".
Em Sorocaba (SP), estudantes de Medicina e Enfermagem dão um bom exemplo de como a relação entre calouros e veteranos pode começar de maneira diferente e produtiva.
O trote é um desafio: preparar café da manhã para pessoas carentes, que vêm de longe para uma consulta no hospital da cidade. "Você se sente bem de estar ajudando gente que precisa", aprova a caloura Gabriela Ferreira.
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