Grávida de três meses, Priscilla Vieira Rezende Muniz, 18 anos, que foi queimada durante um trote com uma mistura de gasolina e creolina irá fazer um ultrassom na tarde desta quinta-feira (12) para checar se está tudo bem com o bebê.
O trote violento ocorreu na segunda-feira (9) na calçada da Fundação Municipal de Educação e Cultura (Funec), em Santa Fé do Sul, no interior de São Paulo.
"Ela não passou a noite bem. Ficou se queixando de muita dor no corpo e nas queimaduras", disse ao G1 a mãe dela, a dona-de-casa Cícera Vieira Rezende, 37 anos."Estou com medo que ela tenha tido alguma reação por causa do produto químico que foi jogado. Ela também estava sentindo dor na parte de baixo da barriga, como se fosse uma cólica menstrual."
O médico que atendeu a jovem no hospital disse que não houve a necessidade de fazer um ultrassom quando ela esteve internada. "Ela apresentava apenas as lesões na pele, que foram queimaduras de primeiro grau", disse Rogério Gandhi. "Como ela não se queixava de dor nem tinha tido hemorragia, e o coração do feto estava batendo normal, não foi preciso um ultrassom."
A jovem foi ouvida na manhã desta quinta-feira pelo delegado Gervásio Fávaro, que é o encarregado do caso, na Delegacia da Mulher. A outra jovem que também foi queimada pelo mesmo líquido começou a ser ouvida às 12h.
Dois sustos
Ela conta que soube que a filha está grávida há apenas 15 ou 20 dias. "E agora acontece isso. Foi um susto atrás do outro", afirmou Cícera. "O médico que a atendeu no hospital falou que ela não tinha abortado, mas não sabemos se o bebê está morto ou não, por isso vamos fazer o ultrassom."
Quando soube que a Priscilla havia sido vítima de um trote violento, Cícera diz que ficou apavorada. "Eu estava sozinha em casa e sem carro. A minha vontade foi de sair correndo a pé até o hospital."
Expulsão
"Essa menina veterana que jogou o líquido nela tem que ser expulsa da faculdade. É um absurdo uma coisa dessas. Quem fez isso não é gente normal. Vai ser o cúmulo se uma tranqueira dessas continuar na faculdade", disse Cícera.
"O mínimo que deveria acontecer com essa pessoa é ser expulsa da faculdade", afirmou Priscilla, que chegou a ficar internada por um dia. "Eu não vou aparecer na faculdade porque não sei o que pode me acontecer. Vou esperar mais um pouco ainda. Prefiro não correr esse risco", diz.
Em nota, a instituição lamenta o incidente e afirma que aguardará o esclarecimento do ocorrido pela polícia para tomar as medidas cabíveis.
"Eu acho que a faculdade está fazendo corpo mole. Se não for tomada nenhuma atitude, como a expulsão, iremos processar a instituição também, além da menina agressora", afirmou Cícera.
Muito rápido
Priscilla conta que foi tudo rápido: "Eu estava a dois passos do lado de fora da catraca da faculdade. Tinha segurança e guardas civis do lado de dentro, mas ninguém do lado de fora."
Ela conta que a veterana, que é do curso de pedagogia, já havia ameaçado jogar alguma coisa antes. "Ela disse: Se eu não te pegar hoje, te pego amanhã. Então, eu corri de volta para dentro da faculdade e esperei um pouco. Saí de novo e aí então ela jogou", lembra.
"Na hora, senti um mal estar muito forte por causa do cheiro. Pensei logo na criança. Nem senti a queimação naquele momento. Fiquei tonta e sentei um pouco num banco", conta Priscilla.
"Logo depois, as minhas costas e as minhas pernas começaram a queimar e, aí, a minha amiga levantou a minha blusa e viu as queimaduras. Os veteranos do meu curso foram tirar satisfação com essa menina, mas ela nem deu bola."
Priscilla conta que, quando chegou na faculdade, disse aos veteranos do seu curso que estava grávida e eles nem chegaram a pintar o seu rosto.
A amiga de Priscilla ligou para o pai da jovem, que a levou para o hospital. Ela ficou internada até terça-feira. "O médico disse que o bebê está bem, mas vou fazer um ultrassom na quinta ou depois para ter certeza. Fiquei muito preocupada."
As queimaduras nas costas e nas coxas ela tem tratado com pomada. "Espero que não fique nenhuma marca, porque as manchas estão bem grandes", diz.
"Nunca imaginei que pudesse acontecer algo assim. Fui para conhecer a faculdade, estou super empolgada com o curso, que eu sempre quis fazer, e, aí, acontece isso", diz, indignada. "Com certeza essa pessoa sabia o que tinha nas mãos. Algo com aquele cheiro forte bem não vai fazer."
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