Uma semana após o início das aulas na rede municipal e estadual em Pitanga, na região central do estado, crianças que deveriam ser transportadas em veículos apropriados são obrigadas a se arriscar em carros movidos a gás e sem o mínimo conforto. A reportagem da Gazeta do Povo flagrou 11 crianças, com idade entre 5 e 14 anos, sendo transportadas num Corcel II, ano 1981, em péssimas condições de tráfego. O carro leva as crianças até a beira da rodovia, onde elas embarcam no ônibus escolar.

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Para alguns pais, apesar da falta de segurança o transporte precário é visto como uma alternativa para o filho não ficar em casa. "Se não fosse o Corcel, meu filho só entraria na escola quando já pudesse ir sozinho", diz Vanderlei Michus. A visão é a mesma para o diretor da escola, Claudemir Kilhkamp. Para ele, tanto o Corcel como a picape Rural são alternativas para que os alunos não percam aulas. "Se não fossem esses veículos, parte dos alunos não teria como freqüentar a escola".

Se para eles é uma alternativa para não deixar o filho em casa, para as estudantes Gislaine Schotten Lenbeck, de 14 anos e Maira Cristiane Lenbeck, de 11, o meio de transporte incomoda pelo desconforto. "Seria melhor se fosse ônibus onde vão diversos colegas e tem mais espaço", dizem. Em Pitanga, há mais casos de transporte precário. Alunos da escola estadual Aurélio Buarque de Holanda e da rede municipal Ney Braga, em Vila Nova, são transportados em uma zona rural movida a gás de cozinha. Além do estepe careca, o motorista Naudir Disner, 34, carrega junto com as crianças um botijão de gás reserva.

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Relatório

Um relatório sobre transporte escolar em Pitanga mostra que na cidade ele é feito por veículos sem a mínima segurança. Além dos ônibus velhos, uma Rural e uma picape D20 levam as crianças. Nas localidades de Rio Vorás de Cima e Rio Taquaruçu, o transporte de alunos é feito em um Fusca.

O secretário de Educação da cidade, Luiz Carlos Mendes, afirma que o Corcel II, o Fusca e a Rural movida a gás de cozinha foram substituídos por Kombi ou microônibus. "O transporte escolar está sendo feito com veículos 100% seguros". Mendes explica que o município recebe de repasse estadual R$ 311 mil e R$ 12 mil do governo federal, mas gasta cerca de R$ 2,5 milhões com o transporte de cinco mil alunos diariamente. "O restante é custeado pelo município".