Levantamento feito por pesquisadores da Paraíba detectou relações entre religiosidade e a dor crônica. Uma das autoras do estudo, a professora adjunta de Reumatologia da Universidade Federal da Paraíba, Alessandra Braz, explica que as pacientes com maior corporeidade religiosa – medida alcançada por meio de uma escala criada pelos pesquisadores – conseguem lidar melhor com as dores da fibromialgia.
“O que percebemos é que quando se perde em qualidade de vida, piora o sentido da existência e a religiosidade ajuda a encontrar esse sentido”, comenta Alessandra.
A pesquisadora afasta, porém, a relação de causa e efeito entre a religiosidade e a dor crônica. Dessa forma, uma pessoa muito religiosa não está necessariamente imune a desenvolver um quadro de fibromialgia, nem o contrário.
De acordo com Alessandra, a medicina ainda não conseguiu definir a causa da fibromialgia. “O que sabemos hoje é que se trata de uma percepção alterada da dor pelo sistema nervoso central e que existe um componente genético, relacionado a um gene que transporta a serotonina. Traumas psicológicos podem ser um gatilho para essa predisposição e para o desenvolvimento da dor crônica”, explica.
A doença é caracterizada por dor difusa em várias regiões do corpo por mais de três meses e exige um tratamento multidisciplinar, com acompanhamento psicológico, medicamentoso e fisioterápico. “Antigamente, havia muito preconceito em relação à fibromialgia e ainda existe um descrédito do paciente. Mas a fibromialgia é uma doença que precisa ser respeitada e estudada”, afirma.
Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que 3% da população brasileira sobre da doença. A maior parte é de mulheres entre os 30 e 55 anos. Mas a enfermidade também pode se manifestar entre homens jovens e idosos. (CO)