O desmatamento da Mata Atlântica teve uma queda de 24% no período de 2013 a 2014 em relação ao período anterior, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, estudo divulgado na quarta-feira (27) pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Leia a matéria completaO estudo indica que o desmatamento foi de 183 km² nos remanescentes florestais dos 17 estados abrangidos pelo bioma, no período de 2013 a 2014. No período anterior, a devastação havia chegado a cerca de 240 km². Os Estados que mais desmataram foram o Piauí (56,2 km²), Minas Gerais (56 km²) e Bahia (46 km²). Ainda assim, em relação ao período anterior, os três estados registraram redução de 15%, 34% e 2%, respectivamente. O estado de São Paulo é o sétimo maior desmatador (0,6 km²), com uma redução de 34% em relação a 2012-2013.
De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, a redução do desmatamento do bioma ocorre depois de dois anos seguidos de alta. “É uma ótima notícia, principalmente porque identificamos novos espaços que tendem ao desmatamento zero, ou seja, uma supressão da vegetação abaixo de um quilômetro quadrado”,afirmou.
Para Marcia, as pressões da sociedade e o cumprimento da legislação ajudaram a diminuir a devastação do bioma. “Agora que muitos estados conseguiram brecar o desmatamento, temos que começar a recuperar a Mata Atlântica. Isso tem que ser feito em associação com a recuperação de matas ciliares, principalmente no Sudeste, para que se possa reverter a situação hídrica precária da região”, disse.
Ela explica que, embora São Paulo esteja se aproximando do desmatamento zero, as áreas remanescentes ainda são muito pequenas. “Temos que continuar a mobilização para recuperar essas áreas - em especial as que têm ligação com reservatórios de água. A região da Cantareira, por exemplo, tem apenas 21,5% da sua cobertura florestal original”, disse. Em todo o Brasil, os remanescentes da Mata Atlântica correspondem a 12,5% da cobertura original.
O estudo aponta que apenas seis estados apresentaram desmatamento acima de um quilômetro quadrado: Piauí, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Ainda assim, em cinco deles houve redução do desmatamento em relação ao período anterior. A exceção é Santa Catarina, que teve um aumento de 3%.
No Piauí, que está em primeiro lugar na devastação da Mata Atlântica, um único município, Eliseu Martins, foi responsável por 23% do total dos desflorestamentos observados no período, com cerca de 43 km². Pelo segundo ano consecutivo o Atlas aponta um padrão de desmatamento alto no sul piauiense, onde se concentra a produção de grãos do estado. No período 2012-2013, foram desmatados 66,3 43 km² em municípios da mesma região.
“No Piauí, assim como na Bahia, que é o terceiro no ranking do desmatamento, o que está acontecendo é uma forte pressão na área de fronteira entre a Mata Atlântica e o Cerrado. O avanço da soja está acabando como Cerrado e o desenvolvimento nessas áreas também vem fazendo pressão sobre a Mata Atlântica”, explicou Marcia.
Minas Gerais, que é o segundo estado que mais devastou a floresta em 2013-2014, teve uma redução de 34% em comparação ao período anterior.
Segundo o estudo, é a segunda queda consecutiva na taxa de desmatamento em território mineiro. No ano anterior, o estado já havia reduzido o desmate em 22%.
“Minas Gerais liderou o desmatamento por cinco anos consecutivos. O estado está no limite entre o Cerrado e a Mata Atlântica e historicamente houve muita supressão da mata para produção de carvão. Hoje, essas áreas estão cobertas por plantações de eucalipto”, afirmou Marcia.
Segundo ela, a redução conseguida por Minas Gerais é resultado da moratória declarada pelo governo estadual em junho de 2013, que suspendeu a concessão de autorizações para a supressão da vegetação nativa do bioma. A ação foi autorizada pelo governo depois de uma solicitação da Fundação SOS Mata Atlântica e do Ministério Público Estadual. “Foi um esforço coletivo. Minas Gerais ainda está no alto do ranking porque tinha a maior área de floresta nativa. Mas a tendência é a redução do desmatamento”, afirmou.
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