Um projeto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) pode incluir o Paraná no mercado internacional de troca de carbono, mecanismo pelo qual países ricos, obrigados pelo Protocolo de Kyoto a reduzir lançamento de poluentes no meio ambiente, podem comprar cotas de países em desenvolvimento, à semelhança de uma bolsa de valores.

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Iniciado em 2005, o programa pretende formar corredores de florestas ao longo de três bacias hidrográficas. São elas: Araucária, no Centro-Sul do estado; Arenito Caiuá, no Noroeste; e Bacia Iguaçu, no Sudoeste. O cronograma teve início na Arenito Caiuá, por ser a de maior fragilidade ambiental, com apenas 3% de cobertura florestal original.

A estratégia é simples. Cerca de 200 agricultores de baixa renda – com terras inferiores a 30 hectares – são ajudados a reconstituir suas áreas em até 20%, plantando 25% de árvores nativas e 75% de exóticas. "As exóticas podem render lucros a curto prazo para os agricultores, mas serão substituídas por nativas à medida em que são cortadas e comercializadas", explica a ambientalista Manyu Chang, da Sema e coordenadora do programa.

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Com a ação, cerca de 400 hectares vão sair das trevas. O programa Paraná Biodiversidade irá contribuir com os custos de implantação (cerca de R$ 1,5 mil por hectare) nas cidades de Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Porto Rico, Santa Isabel do Ivaí, Loanda e São Pedro do Paraná.

O plantio é recente e a primeira medição das plantas deve ser feita em três anos, para concorrer no mercado de créditos de carbono. Segundo Manyu, independentemente da altura das árvores, o saldo pode ser pré-vendido, integrando outro recurso afim, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), pelo qual empresas poluidoras adquirem cotas de iniciativas como a do Paraná Biovidersidade.

Não é o vilão

A política ambiental de Curitiba anda de ônibus. E não é de hoje. Em 1985, quando o debate sobre o efeito estufa engatinhava, a prefeitura deu início a um programa de vistoria do transporte coletivo. Como hoje, o trabalho consistia em fazer uma amostragem próxima de 20% da frota a cada mês – cerca de 250 veículos. Segundo o gerente de Vistoria, o técnico de inspeção Veicular Élcio Luiz Karas, cerca de 5% dos carros costumam apresentar problemas.

Parece pouco, mas o estrago é grande. Karas estima que um veículo regulado evita entre 60% e 70% de sobrecarga ao meio ambiente. O sistema, destaca, poderia ser aplicado em outras frotas, incluindo a de carros de passeio, já que é bastante simples. Os problemas mais comuns são regulagem e calibragem. "É muito comum uma mera troca de filtro resolver o problema de um ônibus. É um cuidado, uma atenção a detalhes poluidores, como o cano de escape amassado, por exemplo. Não vistoriar custa caro. Veículo desregulado gasta mais combustível", ensina.

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Por essas e outras, a bandeira ambiental da cidade é o transporte coletivo. Agora, com acréscimo de uma parte da frota com 100% de biocombustivel. A novidade está agendada para o primeiro semestre de 2008, quando a Linha Verde passa a operar com 17 linhas urbanas movidas a energia limpa, ligando Pinheirinho ao Centro e Pinheirinho ao Atuba. No momento, a porcentagem de combustível limpo é de 2% – pequena, segundo Karas, já que o ideal seria 20% –, mas existe um problema de logística e abastecimento. Há poucas usinas disponíveis. A prefeitura, de outras feitas, experimentou alternativas como o óleo de fritura, álcool anídrico e gás natural. "O ônibus não é o vilão", provoca.

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