Alice (nome fictício), 15 anos, estuda no Colégio Estadual Cyríaco Russo, em Bandeirantes, Norte Pioneiro do Paraná, e antes de pedir ajuda à coordenadora da escola, quase foi para outra instituição por não agüentar mais as agressões. A menina conta que desde o começo do ano é motivo de piada para seus colegas. "Eles viviam tirando sarro. Semana passada eu entrei na sala e todos deram risada e gritaram: Olha, que guria ridícula!"
A menina chegou a pedir a seu pai para sair da escola, pois é tímida e não tinha coragem de reclamar para os professores. "Essa semana eu tomei coragem e contei para a coordenadora. Não agüentava mais". Segundo a coordenadora da escola, Nilcea Maciel Ramos, o bullying ocorre com bastante freqüência no local e muitas crianças já deixaram a escola por causa das humilhações sofridas. "Esse tipo de coisa ocupa um espaço enorme na vida de um jovem. Muitos problemas de suicídio decorrem disso. É muito sério e preocupante".
As atitudes de repressão, como chamar a atenção do aluno, registrar ocorrência ou chamar os pais nem sempre dão resultado. "Estamos estudando a melhor forma de resolver e acreditamos que até o fim do mês teremos um resultado para ser aplicado pelos docentes", diz Nilcea.
Uma das estudantes que agredia verbalmente Alice diz que ela tinha um cabelo engraçado e que uma outra colega foi perguntar por que ela o usava assim. "Ela se ofendeu e no outro dia não quis mais entrar na sala de aula", conta a adolescente, que não quis se identificar. Ela e outros alunos que tiveram a mesma atitude já foram identificados pela coordenadora.
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