| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Cinco dos seis estojos de projéteis deflagrados registrados pela equipe do delegado Rubens Recalcatti no dia da suposta execução de Ricardo Geffer, em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), desapareceram. A informação foi divulgada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e confirmada nesta terça-feira (27) pela própria Corregedoria da Polícia Civil. O material estava na Delegacia de Rio Branco do Sul quando sumiu.

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Para o coordenador do grupo em Curitiba, promotor Denílson Soares de Almeida, isso é grave porque são cartuchos deflagrados que passariam pelo exame de balística e poderiam atestar quais armas originaram os tiros que acabaram matando Geffer em abril. O Gaeco acusa oito policiais, entre eles o delegado Rubens Recalcatti, e mais Mauro Sidnei do Rosário, que não é policial, de terem executado o suspeito pela morte do ex-prefeito de Rio Branco do Sul, conhecido como João da Brascal e primo do delegado. Todos os investigados pelo Gaeco no caso negam a execução e afirmam que houve confronto na operação para a prisão do suspeito.

De acordo com Almeida, os promotores do grupo solicitaram a perícia em seis estojos, mas apenas um havia sido localizado pela Corregedoria da Polícia Civil. Segundo o promotor, o órgão procurou os outros estojos, mas não os localizou para encaminhá-los à perícia.

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A Polícia Civil, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou o desaparecimento dos estojos e disse que o caso está sendo investigado preliminarmente junto com todos os fatos que envolvem a suposta execução de Geffer. O órgão disse que o “sumiço” dos objetos foi detectado há menos de um mês, depois que uma investigação paralela foi assumida pela Corregedoria, em Curitiba.

Esclarecimento

A versão original desta reportagem, publicada na manhã de terça-feira (27), trazia uma foto extraída do laudo de perícia de local, feito pelo Instituto de Criminalística (IC).

Para desfazer qualquer confusão, a imagem foi retirada, pois a mesma retratava projéteis extraidos do local onde supostamente Ricardo Geffer foi executado - e não estojos como os que foram extraviados da Delegacia de Rio Branco do Sul .

O caso havia sido repassado à Corregedoria após a deflagração da operação Aquiles, há duas semanas. Antes, era apurado pela Delegacia de Rio Branco do Sul. Esses estojos de projéteis foram registrados pelos próprios policiais acusados pelo Gaeco de execução, já que os mesmos registraram um auto de apreensão no dia do crime, alegando que houve confronto.

Segundo a polícia, a Corregedoria da instituição abriu um procedimento interno para apurar o sumiço e responsabilizar todos os envolvidos.

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Por meio de nota posterior, enviada no começo da noite de terça, a Polícia Civil acrescentou que considera grave o sumiço de estojos de munição do inquérito policial da delegacia de Rio Branco do Sul e que “não vai medir esforços para descobrir as causas do sumiço destes estojos de projéteis e vai seguir atuando com rigor para o esclarecimento definitivo das circunstâncias da ação que levou a morte de Ricardo Geffer”.

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Exame de confronto balístico

O Instituto de Criminalística (IC) do Paraná deve fazer exame de confronto balístico em 17 armas da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) e duas que estão com a Corregedoria da Polícia Civil, que seriam de Geffer. O exame de confronto balístico poderá comprovar se os projéteis encontrados pela perícia no local da morte de Geffer saíram ou não das armas analisadas.

No IC, atualmente já estão sendo periciadas 13 armas apreendidas na operação Aquiles, deflagrada há duas semanas; quatro projéteis e um estojo de bala deflagrada, localizados no local do crime; e outro estojo registrado no auto de apreensão pelos policiais, que estava com a Corregedoria da Polícia Civil. Ao todo, ao fim da investigação, deverão ter sido analisadas 32 armas.

As 17 armas da DCCP que ainda devem ser periciadas foram solicitadas pelo Gaeco à Polícia Civil na última quinta-feira (22), mas até agora não houve retorno. Essas armas estão de posse da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) e a Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga (Dedec), unidades vinculadas à divisão de crimes contra o patrimônio.

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A perícia em todas elas acontecerá porque os suspeitos da execução de Geffer tinham acesso a outros modelos de armas, além das apreendidas com eles, descritas pelas testemunhas do caso e que podem estar nas unidades policiais. As testemunhas mencionaram em seus depoimentos que viram armas longas nas mãos dos policiais. Por isso, a maior parte das armas solicitadas são carabinas, entre outras longas, de calibre 38 e .40, que podem ter sido usadas naquele dia.

A DCCP enviou ofício em caráter de urgência ainda na semana passada para que os chefes de cada delegacia encaminhem as armas à perícia. Embora não tenha uma data definida para encaminhá-las, a divisão espera que elas sejam levadas à perícia em breve.

Advogado contesta sumiço

Em resposta ao desaparecimento dos cartuchos, o advogado Claudio Dalledone, que defende o delegado Recalcatti e os policiais investigados pelo Gaeco, disse que nenhum de seus clientes teve contato com as provas às quais o grupo do MP-PR se refere “remetendo essas evidências ao Instituto de Criminalística”.

Dalledone ainda disse interpretar a notificação feita pelo Gaeco como uma forma “pouco leal de publicar opinião com vistas a renovar eventual pedido de prisão”. O advogado disse ainda que isso não interfere na elucidação dos fatos e que tanto ele quanto os policiais e o delegado querem a investigação. Para ele, quanto mais aprofundadas as investigações, mais ficará evidenciada a inocência da equipe de Recalcatti.