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suposta execução

Perícia aponta que equipe do delegado Recalcatti alvejou vítima deitada

Imagem da reconstituição, que é parte do laudo, mostra como teriam sido disparados os tiros enquanto a vítima estava no chão | Reprodução /
Imagem da reconstituição, que é parte do laudo, mostra como teriam sido disparados os tiros enquanto a vítima estava no chão (Foto: Reprodução /)

A perícia de local, feita pelo Instituto de Criminalística (IC), encontrou quatro projéteis cravados no solo do terreno onde Ricardo Geffer foi morto em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), isso é um indício forte de que ele foi executado pelos suspeitos presos na semana passada durante operação Aquiles. O chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio da Polícia Civil, delegado Rubens Recalcatti, outros quatro investigadores, e Mauro Sidnei do Rosário estão entre os presos e são acusados de executarem a vítima.

A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso ao laudo com exclusividade. O documento é chamado de Laudo de Reprodução Simulada de Local do Crime, já que também envolve a reconstituição dos fatos. Essa perícia ficou pronta na última sexta-feira (16) e foi solicitada porque os oito tiros (seis no corpo e dois na cabeça) que mataram Geffer transpassaram o corpo dele, mas ainda não haviam sido encontrados.

O perito do IC relatou que encontrou três projéteis de calibre ponto 40 e um que pode ser calibre 38 Special ou 357 Magnum no local do crime. Os outros quatro ainda não foram localizados. “Tais projéteis [os encontrados] apresentavam pouco grau de deformação e encontravam-se com aderências incrustadas no solo com suas ligas metálicas oxidadas, inclusive em seus sulcos de raiamento, indicando que os mesmos ali foram deflagrados há um certo período de tempo”, descreveu o perito no texto. Os chamados sulcos são as marcas em torno da bala que dão estabilidade a ela no momento do tiro.

De acordo com o coordenador do Gaeco de Curitiba, Denílson Soares de Almeida, as balas encontradas sugerem que Geffer estava deitado quando recebeu os tiros. Além disso, como a balas teriam transpassado o corpo, os disparos podem ter sido feitos a uma distância pequena, pouco mais de 50 centímetros já que não há queimadura na pele em torno da marca de queimadura de entrada do projétil, chamada de “tatuagem” por peritos.

No entanto, todos os projeteis encontrados passarão por exame de confronto balístico com as armas apreendidas com os policiais investigados e com as armas encontradas com Geffer, para confirmar a autoria.

“Numa situação de confronto normal, as pessoas estão distantes e estão em pé. Os disparos são paralelos ao chão e pode até ter angulações, mas não assim. Mas, os projeteis foram encontrados no local indicado pelas testemunhas de onde teria ocorrido a execução. Os tiros estavam 30 centímetros de profundidade dentro do solo. Indicam que os disparos aconteceram em direção ao solo e em direção à vítima”, explicou o promotor.

Dois momentos

A perícia foi feita em dois momentos. O primeiro ocorreu no dia 30 de setembro, com uma reconstituição. Neste dia, as testemunhas foram ao local ao lado dos peritos e promotores. Eles demonstraram todos os fatos conforme seus testemunhos. Os tiros na cabeça, segundo as testemunhas, foram disparados na viatura quando os policiais já levavam Geffer embora. Os policiais teriam parado o carro e disparado.

Antes, quando a vítima estava dominada, ainda segundo as testemunhas, os policiais teriam disparado seis vezes. Destes, quatro projéteis foram encontrados no dia oito de outubro, em um segundo momento. De acordo com a perícia, apesar das chuvas, o local estava intacto sem interferência humana. Foram usados até detectores de metal para encontrar os projéteis. Também foram localizados estojos de balas deflagradas.

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