A ex-assessora financeira do Partido dos Trabalhadores (PT) de Londrina, Soraya Garcia, em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira, detalhou o esquema do suposto "caixa dois" na campanha do prefeito Nedson Micheleti. Ela passou o nome de 50 pessoas que estariam envolvidas no esquema e forneceu números de contas correntes, telefones e CPFs.
Soraya contou que os CPFs de secretários municipais e dirigentes do PT eram utilizados para fazer as compras, como forma de "esquentar" o dinheiro doado por fontes ilegais, até agora não-identificadas na origem.
Ainda segundo o depoimento, a ex-assessora contou que o PT apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TRE) uma lista que apresentava 50 pessoas que trabalharam na campanha e na verdade era bem mais que isso. "Não havia voluntários. Além disso, não eram 50 pessoas como o partido apresentou, e sim 2 mil que recebiam R$ 100 por mês", contou.
De acordo com o delegado responsável Sandro Roberto Vianna dos Santos, "o depoimento, que durou nove horas, foi rico em detalhes e serviu para abrir o leque das investigações", disse. Soraya confirmou todas as denúncias que havia feito e voltou a citar os nomes do presidente estadual do PT e deputado estadual André Vargas e o do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. De acordo com Soraya, os dois viabilizaram os recursos ilegais. "Sempre que o Paulo Bernardo e o André Vargas vinham a Londrina o dinheiro aparecia", relata.
De acordo com a ex-assessora, o dinheiro não contabilizado era entregue pelo presidente do PT municipal e atual secretário de Gestão Pública, Jacks Dias, recebido em sacolas de plástico por Augusto Dias Júnior, atualmente diretor da CMTU, à época da campanha diretor-financeiro da Cohab.
Após pegar os valores "em espécie", ela mesma pagava as despesas gerais da campanha, que incluía candidatos do PT e de partidos coligados.
Ao final de nove horas de depoimento Soraya informou ainda que tem mais coisas a contar para a polícia.
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