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Mansão-cassino

Ex-delegado-geral da Polícia Civil do PR deixa carceragem do Cope

Michelotto não deu entrevistas ao chegar ao Gaeco para depor | Ivonaldo Alexandre/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Michelotto não deu entrevistas ao chegar ao Gaeco para depor (Foto: Ivonaldo Alexandre/Agência de Notícias Gazeta do Povo)
Provável liberação do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Paraná reuniu várias pessoas nas proximidades do Gaeco |

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Provável liberação do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Paraná reuniu várias pessoas nas proximidades do Gaeco

O ex-delegado-geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Vinícius Michelotto, foi liberado às 00h01 deste domingo (15). O policial foi preso na última terça-feira (10), depois de uma operação deflagrada pelo próprio Gaeco. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema de exploração de jogos de azar. A investigação corre sob sigilo judicial.

De acordo com seu advogado de defesa, Rodrigo Sánchez Rios, o ex-delegado foi solto porque venceu neste sábado (14) o prazo da prisão temporária que cumpria. Na sexta-feira (13), a Justiça negou o pedido de prorrogação desta prisão .

Michelotto prestou depoimento na tarde de sábado (14) na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR) para determinadas investigações. Ele chegou ao Gaeco por volta das 14 horas do sábado e saiu de lá duas horas depois, de volta para a sede do Comando de Operações Policiais Especiais (Cope), no Hauer, onde ficou detido até a madrugada.

Segundo Rios, o delegado prestou esclarecimento reafirmando o que já vem dizendo, que não tem participação nesse tipo de esquema. Ainda de acordo com Rios, não há nada que comprove a conivência de Michelotto com a exploração de jogos de azar na investigação feita pelo Gaeco.

Além de Michelotto, foram presos o delegado Geraldo Celezinki, dois investigadores, cinco policiais militares e outras quatro pessoas que não são agentes públicos. Segundo o despacho do desembargador Barcellos, a investigação do Gaeco sinaliza o "conluio" do então delegado-geral com os outros policiais, "na consecução de delitos contra a administração pública, atrelados diretamente à exploração de jogos de azar (através de máquinas caça-níquel)".

A investigação

As investigações do Gaeco foram motivadas por uma operação realizada em janeiro de 2012, por policiais civis descontentes com as condições de trabalho e com o que classificavam de uma "crise de moralidade" na Polícia Civil. Eles invadiram uma mansão localizada no bairro Parolin, em Curitiba - que ficou conhecida como "mansão-cassino" -, onde funcionava um cassino clandestino. Há suspeitas de que o local também era usado para prostituição.

Em entrevista à Gazeta do Povo, policiais que participaram desta ação disseram que um investigador – que foi preso na terça-feira (10) pelo Gaeco – fazia a segurança do casarão e tentou impedir a abordagem, mencionando o nome de Michelotto. Posteriormente, os agentes que estouraram o cassino sofreram perseguição e foram transferidos.

Em seu despacho, o desembargador Barcellos menciona que Michelotto "promovia, como forma de retaliação, remoções compulsórias atípicas dos investigadores integrantes do movimento de ‘Operação Padrão’".

A Corregedoria da Polícia Civil chegou a investigar a "mansão-cassino", mas, depois de um ano da operação, concluiu que não havia exploração sexual no local e destacou que o local seria frequentado por idosos. A investigação também concluiu que não houve o envolvimento de qualquer policial civil na exploração do jogo na mansão.

Para o desembargador, no entanto, o então delegado-geral "não somente se omitiu no combate à empreitada criminosa, mas, ainda, integrou a logística que culminou por dificultar a conclusão da operação voltada a coibir a atividade ilícita".

Defesa

O advogado Rodrigo Sánchez Rios, que compõe a defesa do ex-delegado-geral, refuta qualquer relação de Michelotto com o jogo ilegal. Apesar disso, o defensor manteve a tese de que a prisão temporária é "desnecessária" e "exagerada", já que foi consequência de uma investigação sobre um fato passado. "O doutor Michelotto, como autoridade pública, sempre esteve à disposição das autoridades e se pautou por regras éticas, de dar sequência a todas as investigações", apontou o advogado.

Na quarta-feira (11), em entrevista à Gazeta do Povo, Sanchez Rios havia assinalado que Michelotto havia sido ouvido pelo Gaeco em outra investigação e esclarecido os fatos relacionados à "mansão-cassino".

"O que é preocupante é que, para o Gaeco, a palavra dos policiais – que são desafetos do doutor Michelotto – está sendo aceita incondicionalmente, enquanto não está sendo dado nenhum crédito ao doutor Michelotto. Que provas eles têm do envolvimento? Nenhuma", disse o advogado. "Está se fazendo tudo para atingir a honorabilidade dele", acrescentou.

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