O ex-morador de rua e hoje empresário Edmilson Fernandes é o que pode ser chamado como típico trabalhador brasileiro: já fez de tudo um pouco e tudo o que fez ajudou a chegar longe.
“Sou o que se chama de multitarefa”, diz, se apresentando. Aos 39 anos, Fernandes criou um alto-falante que pode ser encaixado na parte interna de veículos e, com a ajuda do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), teve a empresa criada e apoiada pelas Incubadoras Tecnológicas (Intec) do instituto. A conquista de abrir a própria empresa – a Vuk Acessórios Automotivos – é só um passo para atingir outro sonho. Esse maior, que é seguir a carreira na gastronomia e abrir o próprio restaurante. Esse sonho, na realidade, foi o que o levou a passar seis meses dormindo embaixo de uma marquise.
Natural de Santa Maria, no Rio Grande Sul, Fernandes se mudou para São Paulo ainda jovem, onde trabalhou como camelô e, por causa do talento para trabalhar com marcenaria, acabou sendo contratado para montar cenários. Essa experiência o levou a trabalhar na construção de acessórios automotivos quando se mudou para Curitiba, em 2009. E isso o levou para outra experiência, quando começou a trabalhar como mecânico da Stock Car.
Enquanto era mecânico, decidiu que era hora de seguir seu verdadeiro sonho e buscar um curso de chef de cozinha. Sem condições de pagar pelo curso, que custava cerca de R$ 8 mil, foi até a sede do Senac e viu a placa que dizia: “Senac, transformando vidas”. “Ai eu pensei, tem que transformar a minha também”, conta. Pediu para ser recebido pelo diretor, já que tinha uma carta em mãos. “Não sai de lá até ser recebido e com a bolsa. Lembro como se fosse hoje. Sai tão feliz de lá, como se fosse meu aniversário”.
Depois do sonho, a rua
Enquanto estudava, Fernandes continuava trabalhando como mecânico da Stock Car, quando seus superiores insistiam para que ele começasse a viajar a trabalho. “Eu disse que não, porque ia perder minha bolsa. A situação ficou insustentável e eu tive que sair”, conta. O tempo foi passando e o dinheiro para se manter foi acabando. Ele passou a morar na rua e dividir as noites com outras 30 pessoas embaixo da marquise do Mercado Municipal de Curitiba.
- Estrutura para o Natal do Palácio Avenida começa a ser montada; veja as datas das apresentações
- Tradicionais feirinhas de Natal abrem em Curitiba; confira a programação
- Conheça a mulher que se apaixonou pelos índios e decidiu fazer um museu para eles em Curitiba
- 10 mil crianças aguardam um presente de Natal na campanha “Papai Noel dos Correios”
“Eu não contei para ninguém. Tinha medo de perder a bolsa e as oportunidades no mercado de trabalho”, comenta o empresário. No dia a dia, tomava banho e comia no Senac. “Todo mundo que vinha do trabalho tomava banho antes de entrar na cozinha. Eu aproveitava a deixa e também tomava banho e comia por ali”.
Por muito tempo, ninguém nem desconfiava que ele estava sem uma casa pra morar. Foi só quando o estudante deu uma entrevista para uma equipe de TV, escondendo o rosto, que uma colega reconheceu a sua voz. “Tive medo de perder a bolsa, fiquei preocupado. Mas isso só ajudou para que as outras pessoas me ajudassem a me formar”, conta. No dia 19 de outubro do ano passado, Fernandes se formou chef de cozinha, conseguiu trabalho e uma oportunidade de sair da rua.
Com casa, faltava o dinheiro
Já com um pouco de dinheiro para pagar o aluguel, Fernandes começou a pensar no sonho de abrir o seu restaurante e percebeu que R$ 120 mil o separam o título de chef de cozinha do título de proprietário. É ai que nasceu a Vuk - uma forma de conseguir o dinheiro que o levará ainda mais longe. Construiu o produto – o alto-falante que pode ser encaixado na parte interna de veículos – dentro de um motoclube que participava. Por ter conhecimento do negócio, já tinha uma carta de clientes. Procurou então uma incubadora e encontrou a Tecpar.
Em junho deste ano, Fernandes foi até a sede da Tecpar na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) . Desde então, participou de todas as palestras e workshops que podia, até conseguir fechar o contrato. “Muitas vezes vim da minha casa, no São Braz, até aqui (CIC) a pé. São 2 horas e meia de caminhada, mas o dinheiro do ônibus era muito quando eu ainda não tinha vendido nenhuma peça”, lembra.
Caminho para o futuro
Agora, já pensa em patentear o produto e começar a fazer parcerias. Por enquanto, trabalha sozinho, mas diz que pretende contratar um morador de rua para ser seu ajudante. “Mas só se ele quiser estudar”, ressalva. O sonho de abrir o restaurante ainda segue firme na cabeça do empresário. “Esse aqui é o caminho para o meu futuro, que é cozinhar comida bem brasileira”, afirma ao perguntar onde se acha uma boa buchada de bode em Curitiba. ‘É meu prato preferido e ainda não encontrei”, brinca.
Como todo bom trabalhador “multitarefas”, Fernandes se orgulha de tudo o que faz. Ao concluir a história de sua trajetória, não esquece de dizer: “não foi fácil, mas não foi impossível”.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora