O Grupo Inbra, que fabricou os 11,2 mil coletes balísticos das forças de segurança do Paraná que estão sob investigação, afirmou que o suor dos policiais e a umidade deterioraram o equipamento e que, por isso, foi necessário “realizar manutenção” no lote. A empresa afirma que todo o procedimento foi legal, com autorização do Exército, que controla este tipo de produto.
“Ocorreu que a Polícia Militar do Paraná e o Grupo Inbra avaliaram os coletes balísticos e constataram que a para-aramida, material utilizado na fabricação dos painéis balísticos, sofreu contaminação de sudorese e ataque de raios ultravioleta, em razão do uso constante durante alguns anos, o que causou a modificação das características originais do material”, consta de nota emitida pela empresa.
Parte dos coletes foram apreendidos na semana retrasada pela Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) e pelo Exército, em um galpão da região metropolitana, onde o material passava pela manutenção. Segundo as investigações, além de adicionar uma manta extra de aramida, a empresa substituía a etiqueta de identificação do produto, de modo a estender em um ano a validade do equipamento. A maior parte do material havia sido fabricada em 2010. Entre o volume apreendido, havia coletes vencidos ou em vias de vencer.
O Grupo Inbra, por sua vez, entende que o procedimento foi realizado dentro da legalidade. Na nota, a empresa diz que a portaria 18/06 do Exército, que regulamenta os produtos controlados, deixa claro que “os fabricantes de coletes à prova de bala determinarão o prazo de validade dos mesmos”. Entretanto, o mesmo artigo aponta que a data de validade é “improrrogável”.
Segundo as investigações, há documentos que comprovam que 1,4 mil coletes estavam vencidos, enquanto a legislação determina que os materiais cuja validade tenham expirado devam ser recolhidos e destruídos.
Balística
O Grupo Inbra também questionou o teste balístico realizado pela Deam. O exame reprovou as amostras de coletes apreendidas no barracão em que o material passava por manutenção. Os projéteis chegaram a atravessar o equipamento de proteção. A empresa classificou as perícias como “totalmente inválidas e imprestáveis, em razão da inobservâncias de normas técnicas e regulatórias aplicáveis”.
“Pelas imagens, nota-se que a Polícia Civil do Estado do Paraná utilizou irresponsavelmente armamento que causa impacto balístico superior à proteção balística que é exigida para os coletes com classificação nível II de proteção balística, que foram os adquiridos pela Polícia Militar do Estado do Paraná”, diz a nota.
Em nota, a assessoria da Polícia Civil destacou que o inquérito sobre os coletes balísticos das polícias militares do Paraná está em andamento pela Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) e está sendo acompanhado pela Divisão de Polícia Especializada (DPE). De acordo com a nota, ao final das investigações, a Polícia Civil falará sobre a conclusão do inquérito.