O fabricante francês Poly Implant Prothèse (PIP), processado por elaborar próteses mamárias com silicone industrial, o que acarreta riscos à saúde, também produziu implantes de testículos, peito e glúteos para homens, revela nesta quinta-feira "Le Parisien".

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Ex-funcionários da PIP contaram ao jornal, sob a condição do anonimato, que a empresa desenvolveu além das próteses de mama uma linha de implantes masculinos.

Um desses trabalhadores revelou que "três pessoas foram especialmente formadas para operar uma máquina que fabricava testículos de silicone".

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Outro funcionário que atuava na área de controle de qualidade acrescentou que "esta era uma máquina de injeção muito cara e foi comprada para posicionar a empresa em novos mercados. Esse último equipamento foi utilizado nos últimos anos da empresa, a maior parte da produção tinha como destino o exterior.

A Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Produtos de Saúde (AFSAPS) garantiu que a companhia não havia declarado na França mais do que os implantes mamários e admitiu a incapacidade de supervisionar tudo o que é fabricado no país.

As próteses de testículos são utilizadas para a "reconstrução" de uma aparência normal para homens que sofreram remoção de parte do corpo, geralmente pacientes em tratamento de câncer, ou pessoas com deficiências desde o nascimento.

A juíza do caso sobre as próteses PIP fez na quarta-feira uma inspeção na planta inativa da companhia perto da cidade de Tolano (sudeste da França).

O Ministério de Saúde francês recomendou as 30 mil mulheres com essas próteses que retirem as mesmas de forma preventiva e o Estado se comprometeu a pagar a cirurgia, mas só vai bancar os custos da recolocação às que fizeram o procedimento por motivos médicos, as que optaram pelas próteses por fins estéticos terão de arcar sozinhas.

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Além da ação da justiça estão em andamento investigações para determinar se os implantes PIP podem ser a causa de alguns casos de câncer.

O ministro de Saúde francês, Xavier Bertrand, anunciou nesta quinta-feira que vai propor "uma mudança na regulamentação europeia" sobre os dispositivos médicos como os implantes mamários, que por enquanto não tem autorização para saírem ao mercado ao contrário do que ocorre com os medicamentos.

Bertrand, que em entrevista à rede de TV "LCI" também defendeu um reforço dos procedimentos de controle, disse que não podia falar sobre as revelações do jornal "Le Parisien" porque ainda não tem todos os elementos.

"Quero saber quais são as responsabilidades, todas as responsabilidades, quem falhou, para que os autores respondam por seus atos", sentenciou.

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