Pela segunda vez no cargo – a primeira foi de 1989 a 1993 – , o prefeito de Guarapuava, Fernando Ribas Carli, afirma que a região Centro-Sul do estado tem todas as condições para deixar atrás seus baixos indicadores socioeconômicos. "Basta deixar de lado as questiúnculas políticas", diz ele. Carli foi anfitrião da oitava etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na terça-feira, 8. Na entrevista a seguir, ele fala de industrialização e desenvolvimento regional.

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O que mudou em Guarapuava desde a primeira vez em que o senhor foi prefeito?

Nossa primeira missão, quando reassumimos o município em janeiro, foi o saneamento financeiro da prefeitura. Era um sábado e, na segunda-feira, tínhamos de saldar uma dívida de aproximadamente R$ 5 milhões. Conto isso para dizer o seguinte: o poder público municipal precisa estar bem estruturado para dar conta de uma política de desenvolvimento. É visível uma evolução social e econômica, principalmente devido aos avanços no ensino superior, com abertura de dezenas de novos cursos universitários, e também com a modernização das indústrias. O crescimento, por outro lado, cria novas demandas, a começar por um sistema viário funcional. Felizmente, estamos chegando ao fim do ano com superávit financeiro, perto de R$ 10 milhões, e contas em dia.

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É consenso em Guarapuava a necessidade de industrialização. O que a prefeitura pode fazer e vem fazendo nesse sentido?

A prefeitura já colocou em funcionamento dois importantes projetos: o Pólo Moveleiro, que visa aproveitar o grande potencial madeireiro existente na região, e o Pólo de Jóias Folheadas e Bijuterias, grande gerador de empregos e opção para pequenos empreendedores. Temos o diagnóstico de que há empregos, mas falta qualificação, e estamos nos dedicando a isso.

Outro tema consensual é a necessidade do desenvolvimento integrado regional. O que a prefeitura vem fazendo?

Dos dez municípios mais pobres do Paraná, sete estão na região de Guarapuava. E não é por culpa dos prefeitos. Falta ao Paraná uma política de desenvolvimento descentralizada, que deixe de lado questiúnculas políticas, para colocar em evidência o potencial do estado. A Prefeitura de Guarapuava apóia a integração. Tanto que sediamos um recente encontro regional com a presença de diversos municípios, propondo metas comuns.

Há empresários e políticos que defendem um "tratamento diferenciado" por parte dos governos estadual e federal para o município e para toda a região. Qual é sua opinião a respeito?

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Tenho o dever de defender os interesses do município, não, necessariamente, um "tratamento diferenciado". Isso poderia suscitar sentimentos iguais em outras regiões e mergulharíamos numa disputa sem tréguas. A região de Guarapuava é muito rica. Estamos entre os melhores índices de produtividade agrícola do país. Somos centro de excelência na reprodução e criação de gado. Nossas plantações de pinus representam um dos principais maciços florestais do estado. Além disso, somos um dos municípios mais antigos, berço de tradições e da cultura paranaense. São motivos de sobra para dimensionar a importância socioeconômica da região de Guarapuava e a atenção que deve merecer.

Em sua opinião, como um evento como Fórum Futuro 10 Paraná pode contribuir para o desenvolvimento do município e da região?

A principal contribuição é podermos sentar à mesa, todas as lideranças locais e regionais, livres de qualquer cor partidária, para discutir um projeto comum de integração. E o fórum reforça essa idéia, porque traz credibilidade e a real possibilidade da difusão de novos conceitos, num nível onde os interesses maiores da população se sobressaem. (FC)