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efetivo defasado

Falta de escrivães no Paraná faz delegacias ficarem abarrotadas de inquéritos parados

No Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão-Sul (Ciac), no 8.º Distrito Policial, no bairro Portão, escrivães ficam muitas horas trabalhando nos flagrantes. | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
No Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão-Sul (Ciac), no 8.º Distrito Policial, no bairro Portão, escrivães ficam muitas horas trabalhando nos flagrantes. (Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo)

Problemas como inquéritos parados e encerrados sem nem sequer serem abertos, carga horária excessiva e investigações paralisadas, fazem parte de uma rotina dentro das delegacias da Polícia Civil do Paraná. É que os escrivães, função fundamental para dar prosseguimento às investigações e a procedimentos como flagrantes e intimações, não têm dado conta do recado em razão da defasagem do efetivo. Atualmente, segundo o sindicato da categoria (Sidespol), há 720 escrivães em todas as unidades da Polícia Civil no estado. Por lei, o efetivo deveria ser de 1,4 mil.

A consequência disso pode ser vista em delegacias da Região Metropolitana de Curitiba. Em Pinhais, há três mil inquéritos parados. Em Fazenda Rio Grande, 5,6 mil. Nas duas unidades trabalham, respectivamente, dois escrivães. A realidade é semelhante no restante do Paraná também.

Em Curitiba, o problema é ainda maior. Nas madrugadas do Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão-Sul (Ciac), no 8.º Distrito Policial, no bairro Portão, os escrivães ficam horas trabalhando nos flagrantes que são apresentados por policiais militares que, por vezes, passam a grande parte da madrugada aguardando para serem atendidos.

Isso, de acordo com um soldado que preferiu não ter o nome revelado, deixa alguns bairros desguarnecidos, pois as viaturas ficam paradas no estacionamento do Ciac. O mesmo ocorre com os guardas municipais. Em média, segundo alguns escrivães, ocorrem oito flagrantes por plantão da madrugada no Ciac. Os procedimentos duram, em média, quase duas horas. É preciso ouvir o suposto envolvido, os policiais que o prenderam e, por vezes, a vítima. “Os escrivães não conseguem fazer o trabalho com a eficácia necessária”, diz o presidente do Sidespol, Airton Carlos Fernandes.

Jornada

Segundo Fernandes, essa defasagem no efetivo tem causado ainda mais problemas, como a carga horária excessiva. A reportagem ouviu relatos de vários escrivães que mencionam terem de trabalhar em escalas estafantes. Em alguns casos, atuam 12 horas durante o dia e ficam em alerta para qualquer necessidade na madrugada. A Gazeta do Povo conseguiu registros de várias escalas de plantões dos escrivães.

Em Matelândia, no Oeste do Paraná, além da cidade em que estão lotados, dois escrivães atendem também Vera Cruz do Oeste, Ramilândia e até Céu Azul. Lá, os escrivães tiram um dia de folga na semana. Segundo o sindicato, a escala adequada, determinada por lei, é de 24 horas de trabalho por 72 horas.

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