Aproximadamente 25% dos estudantes paranaenses não têm acesso a sabão para lavar as mãos na escola. O índice, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é resultado da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada em 2015. O estudo ouviu estudantes do 9.º ano do ensino fundamental e mostrou que, quando são consideradas somente escolas da rede pública do Paraná, a quantidade de alunos sem acesso ao item é ainda maior - quase 30% dos estudantes entrevistados.
De acordo com a Pense, a falta de sabão nas escolas atinge 43% dos alunos da rede pública em todo o país. Na rede particular, o índice cai para 3%.
Como lavar as mãos corretamente em 12 passos
Segundo a superintendente da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed), Fabiana Campos, diferente do que ocorre com a merenda, que é distribuída de ponta a ponta pelo órgão, a compra de materiais de higiene fica a cargo dos próprios gestores escolares. Todos eles recebem recursos do Fundo Rotativo para adquirir os produtos. “Orientamos sobre itens que não podem faltar, como o sabão, e o que pode ser optativo. Reforçamos, inclusive, a importância da aquisição de sabão e do lavar as mãos na prevenção da gripe”, comenta.
Fabiana avalia, contudo, que apesar da fiscalização dos Núcleos Regionais de Educação e do incentivo ao trabalho pedagógico sobre o tema, o número de escolas, hoje 2.153, torna difícil o acompanhamento dessas compras em todas as unidades.
Riscos
A comunidade médica alerta que não ofertar sabão para lavar as mãos inibe os alunos de terem condições adequadas de higiene no ambiente escolar. Esse cenário também expõe crianças e adolescentes ao risco de transmissão de diversos tipos de doenças. A orientação, explica a pediatra e epidemiologista Heloísa Garcia Giamberardino, do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, é de que as mãos sejam sempre lavadas antes das refeições e após o uso dos sanitários.
“A escola também é local de aprender bons hábitos de higiene. Mas se não há estrutura para essa higienização adequada, as pessoas não vão aderir”, afirma a médica, ao reforçar que essa estrutura deve incluir água, sabão e papel toalha para a secagem. “Lavar só com água não vai adiantar. A água retira a sujidade, mas é o sabão que tira as bactérias”, frisa. Na falta de uma pia com água e sabão, pode-se usar também o álcool em gel 70% para a higienização das mãos.
O ideal, acrescenta a infectologista Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias, do Hospital Marcelino Champagnat, é que o sabão utilizado nas escolas seja líquido e não em barra. Essa característica ajuda evitar a formação de colônias de bactérias em um produto que é de uso coletivo. A medida, salienta, é importante quando o assunto é a prevenção de doenças de transmissão fecal oral. “Entre estas doenças, podemos citar a hepatite A, conjuntivites virais e bacterianas, diarreias por rotavírus, infecções respiratórias, resfriados e influenza”, elenca a especialista.
Uma unidade onde o sabão é oferecido de acordo com as recomendações sanitárias é a Escola Estadual Professor Hildegard Söndahl, na Cidade Industrial de Curitiba (CI). O sabonete líquido fica acondicionado dentro de um dispenser fixo na parede dos banheiros. “Os alunos usam bastante. As professoras de Ciências também falam sobre esses cuidados com eles”, comenta a diretora do colégio, Nilza Aparecida de Souza. O álcool em gel fica disponível na cozinha e salas de orientação do colégio, para quem quiser utilizar.
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