Constantes ameaças de morte e o sentimento de impunidade dominam o dia-a-dia da família do ex-presidente do PC do B de Reserva, Nelson Renato Vosniak. Ele foi assassinado com três tiros há dois meses pelo presidente da Câmara Municipal da cidade, Flávio Hornung Neto (PMDB). O crime aconteceu na noite do dia 15 de janeiro.
Além do dirigente do PC do B, Hornung tentou matar o repórter de um jornal local, Giovani Welp Pinto e o professor Carlos Rodrigues Oliveira Filho, que estavam no carro de Vosniak no momento do crime.
Além de ter de aguardar que o assassino de Vosniak seja punido, a família ainda sofre constantemente com ameaças de morte. Segundo o irmão do ex-presidente local do PC do B, Luiz Carlos Vosniak, que foi candidato a prefeito nas últimas eleições, ele já teria sido avisado de que, "se alguma coisa acontecer com o Flávio (Hornung), o próximo a morrer será ele(Luiz Carlos)".
Medo
A população de Reserva também se cala em meio ao medo de sofrer alguma retaliação ou represália pela opinião a respeito do assassinato de Vosniak. Os moradores procurados pela reportagem da Gazeta do Povo não quiseram se manifestar.
A revolta tem um único motivo: amparado por um habeas-corpus, Hornung escapou da abertura de um processo de cassação na Câmara Municipal no dia 23 de fevereiro. Dos sete vereadores da Casa, quatro votaram rejeitando a abertura do processo. O presidente licenciado da Câmara assumiu suas funções como vereador, além de trabalhar normalmente em uma loja agropecuária, onde é sócio com o seu pai e sua mãe.
Em entrevista à RPC-TV Esplanada no dia 10 de março, Hornung afirmou que a motivação do crime não foi política e que recebia constantes ameaças de Vosniak desde que começou a investigar supostas irregularidades em licitações da prefeitura, vencidas pelo ex-presidente local do PC do B.
A família de Vosniak não acredita nas alegações de Hornung, e insiste que o crime teve conotação política. Independente da real motivação, o inquérito e o relatório final da Polícia Civil foram entregues à Promotoria de Justiça de Reserva na quarta-feira.
Decisão
No texto do delegado que cuidou do caso, Wallace Brito, além de apontar contradições nos depoimentos de Hornung, afirma que o assassino confesso "juntou vasta documentação sem qualquer vínculo com o crime investigado, indicando uma procura desesperada por circunstâncias justificadoras de seu comportamento criminoso". O promotor de Justiça encarregado do caso Alexey Choi Caruncho tem 15 dias para analisar o inquérito e oferecer a denúncia criminal.
Enquanto nenhuma decisão é tomada, a família de Vosniak tenta lutar para que o crime não caia no esquecimento e o criminoso saia impune.
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