As famílias que ocupam as calçadas das Ruas João Dembinski e Theodoro Locker, no Fazendinha, em Curitiba, realizaram um protesto na esquina das vias no início da noite desta quarta-feira (5). Os manifestantes são contrários a decisão da Justiça que expulsa todos os sem-teto do espaço público. O protesto começou às 18h e terminou por volta das 19h. Cerca de 30 pessoas participaram da manifestação.
Foram usadas faixas e um megafone para chamar a atenção dos motoristas que passavam pelo local. Os manifestantes chegaram a ficar no meio das ruas, mas o trânsito não foi prejudicado. Também foram entregues panfletos para as pessoas que passavam pelo local, falando sobre a situação dos sem-teto.
Na terça-feira (4), o oficial de justiça Altamir José Narciso recebeu um mandado que pode retirar as famílias da calçada. O juiz Douglas Marcel Peres, da 4ª Vara da Fazenda Pública, autorizou a reintegração de posse devido ao "esbulho possessório" apropriação indevida das calçadas na segunda-feira (3).
Com o mandado é possível pedir a retirada das famílias imediatamente. Em caso de resistência, a Polícia Militar (PM) será chamada para intervir. Apesar da conjuntura, ainda não há prazo determinado para a operação, por se tratar de uma ação conjunta que requer cautela.
Invasão no Fazendinha
No dia 6 de setembro, cerca de 600 famílias ocuparam e montaram barracas em um terreno, pertencente à Varuna Empreendimentos Imobiliários, no bairro Fazendinha, em Curitiba. Dez dias depois, a invasão já contava com aproximadamente 1,5 mil famílias, ou cerca de 6 mil pessoas. O local também ganhou ligações irregulares de energia elétrica, pequenas casas de madeira e até um escritório de advocacia.
A Varuna conseguiu, no dia 15 de setembro, uma ordem de reintegração de posse da área de aproximadamente 170 mil metros quadrados. A juíza Julia Maria Tesseroli determinou um prazo de cinco dias para que todos os acampados se retirassem voluntariamente do terreno, mas a ordem não foi cumprida.
Com isso, a Justiça deu ordem para reintegração de posse e a PM retirou todas as famílias do local no dia 23 de outubro. Houve muita confusão na operação e um cinegrafista foi ferido por um disparo de bala de borracha, feito por um policial militar que participava da reintegração de posse. Uma criança também ficou ferida na operação.
Após a reintegração, o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, afastou os comandantes da PM que estavam à frente da operação, pois considerou que a polícia usou força excessiva na situação. Desde a reintegração de posse do terreno, alguns ex-invasores estão acampados na calçada. As famílias que permanecem no local já foram notificadas pela prefeitura para deixar o local na terça-feira (28).
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