A Favela de Varginha, que será visitada pelo papa, ganha um banho de loja. O asfalto está sendo recapeado, o campo de futebol recebeu nova iluminação, garis varrem a rua todo dia e o muro da escola municipal terá grade. Mas tudo isso se restringe a um trecho de 300 metros da Rua Carlos Chagas, onde Francisco passará.
"Estão fazendo obra para o papa ver. Quero que façam as obras que ele não vê, como as de saneamento. Não tem nenhum funcionário da prefeitura nas outras ruas", diz o comerciante Manoel Arcanjo, de 55 anos, morador de Varginha há 46, lembrando que a Carlos Chagas - principal acesso à comunidade de Manguinhos, na zona norte - foi asfaltada nos anos 1970 e nunca mais teve manutenção, apesar das inundações constantes do Rio Faria Timbó.
Desde que Varginha foi anunciada pelo Vaticano como um dos locais a serem visitados, há 10 dias, equipes da prefeitura trabalham no curto trecho entre a entrada da favela, onde está a Igreja de São Jerônimo Emilliani, e o campo de futebol, que ganhou poste com refletores e onde o tricampeão Jairzinho treina adolescentes. A Rioluz trocou todo o cabeamento até o transformador. Carros abandonados no acostamento da Carlos Chagas já foram rebocados. Garis passaram a varrer a rua diariamente, o que não ocorria. "Eles tiravam o lixo da caçamba, mas não tinha gente fazendo limpeza. Espero que continuem a vir depois do papa", diz a dona de casa Ivanete de Jesus.
A Rio Eventos, empresa da prefeitura que trata de temas ligados à Jornada da Juventude, informou que Varginha foi pacificada recentemente, permitindo serviços públicos. Já havia um cronograma de intervenções, mas algumas foram antecipadas por causa do papa.