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Fechar escolas? Só com um plano maior

Alunos da Escola Nossa Senhora de Fátima, no bairro Tarumã, protestaram na quinta-feira (29) contra estudos do governo estadual. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Alunos da Escola Nossa Senhora de Fátima, no bairro Tarumã, protestaram na quinta-feira (29) contra estudos do governo estadual. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

O anúncio do governo do Paraná de que estudava fechar 71 colégios– e o fato de ter voltado atrás na última sexta-feira (30) – fez levantar o debate sobre a necessidade de uma reestruturação física do sistema escolar.

De um lado, gestores estaduais falam em salas de aula ociosas, escolas esvaziadas e um elevado custo com alugueis para abrigar algumas instituições de ensino. Do outro, diretores de escolas, professores e estudantes foram às ruas protestar, surpreendidos com o comunicado do possível fechamento e inseguros em relação ao que será do próximo ano.

Como juízes dessa questão, especialistas da área educacional dizem, com base nas experiências vividas por outros países, que escolas até podem ser fechadas, inclusive para racionalizar recursos. Mas a prioridade deve ser sempre a qualidade de ensino. A reestruturação física deve fazer parte de um plano maior para melhorar a educação.

Foi isso que fez a prefeitura de Nova York no começo dos anos 2000. Escolas grandes foram fechadas. E no lugar delas foram abertas instituições menores – com até 500 estudantes. Esse movimento foi inspirado no projeto Small Schools, apoiado pela fundação Bill & Melinda Gates.

“Em alguns casos, as escolas foram recriadas no mesmo prédio da anterior. Mas onde antes funcionava uma escola com 2 mil estudantes, passou-se a ter quatro escolas, com menos alunos, equipe mais coesa e maior autonomia para inovar no currículo”, explica a gerente de Educação da Fundação Itaú Social, Patrícia Mota Guedes.

Em 2009, ela coordenou um estudo sobre a política educacional implementada em Nova York. Patrícia conta que outras escolas do Estados Unidos também seguiram o plano de escolas menores. Mas, sem uma reforma abrangente – garantindo maior autonomia ao diretor, uma valorização do professor e maior envolvimento dos estudantes e familiares –, pouca coisa mudou nos resultados. “Temos visto movimentos de reorganização da escola. Mas o propósito disso precisa estar atrelado à melhora da qualidade pedagógica”, sentencia.

Política

Para o consultor educacional Renato Casagrande, enquanto o fechamento de escolas não estiver dentro de uma política que vise mais do que à economia de recursos, a medida nunca conseguirá conquistar apoio ou simpatia do público.

“Portugal e outros países desenvolvidos já tiveram de fechar escolas devido a uma questão demográfica. Mas essa reforma começou com um envolvimento de diretores e pais. Mostrando para eles que a mudança teria vantagens e apresentando garantias, como transporte e a matrícula em uma outras escola”, diz.

Casagrande critica o modo como o estudo da reestruturação das escolas foi conduzido no Paraná. “Se você tira as pessoas da sua zona de conforto, tem de apresentar garantias de que elas terão mais benefícios do que perdas.”

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