Os indícios que levaram Paulo Gilberto Pacheco Mandelli à cadeia foram levantados durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nacional do Narcotráfico, que passou por Curitiba no começo de 2000. Embora não existam dados que comprovem o envolvimento dele com o comércio de drogas, Mandelli começou a atrair a atenção ao ser envolvido em depoimentos de policiais sobre esquemas de corrupção. "Fomos investigar o tráfico e encontramos uma outra série de crimes, como roubo de carga e de veículos", diz o coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), Dartagnan Cadilhe Abilhoa.
O procurador esteve no encalço de Mandelli durante os últimos cinco anos. Tanto que foi a PIC que requereu à Justiça os quatro mandados de prisão contra ele, a partir de 2000. "O Mandelli viveu todo esse tempoem que esteve foragido como um fantasma. Tínhamos denúncias de onde ele estava, vindas de gente de Curitiba e do litoral, mas elas nunca foram comprovadas", lamenta.
A CPI nacional do Narcotráfico chegou ao Paraná devido aos levantamentos feitos em 1999 pela Comissão Especial de Investigação (CEI) da Assembléia Legislativa do estado. As informações escancaravam um mercado que crescia a cada dia no Paraná. "Era um escândalo o que roubavam de carro por dia (cerca de 50) em Curitiba", lembra o então presidente daCEI, deputado estadual Angelo Vanhoni.
Já o coordenador da PIC afirma que o mais chocante era a naturalidade com que Mandelli e Juarez França Costa, o Caboclinho, comandavam o comércio de peças irregulares. "Eles popularizaram os 'robautos'. Trabalhavam com a proteção da polícia, todo mundo sabia", afirma oprocurador.
Abilhoa explica que Mandelli dirigia seus negócios em duas lojas, ambas no Prado Velho. Uma ficava na Avenida Salgado Filho e a outra na Rua Iapó. Segundo ele, elas tinham fachadas de pequenas lojas legalizadas, mas escondiam depósitos gigantescos de automóveis roubados. Somente numa delas, foram apreendidos 350 motores de veículos. Todo o patrimônio dosuspeito na época, que também incluía carros importados e imóveis, está bloqueado pela Justiça.
Apesar da demora de meia década para Mandelli ser preso, Abilhoa cita a prisão como o desdobramento de uma 'questão de honra' para a Justiça paranaense. O procurador recorda que o acusado atuou ilegalmente pelo menos entre 1990 e 2000. "Ele era um dos cabeças de um esquema que pode ter funcionado por mais de dez anos em Curitiba às vistas das polícias. Tinha que ser punido."
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