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Apesar de terem se formado há quatro meses, soldados da Polícia Militar do Paraná (PM-PR) continuam recebendo o mesmo valor de quando frequentavam o curso de formação. Segundo a Associação dos Praças do Estado do Paraná (Apra-PR), a defasagem atinge pelo menos 100 soldados que terminaram a academia em janeiro deste ano. Eles ganham R$ 1,8 mil (como bolsa-formação), enquanto deveriam receber R$ 3,6 mil (valor do subsídio de um soldado em início de carreira).
Além disso, soldados que concluíram o curso para cabo, e cabos que terminaram o curso para sargento, também não tiveram a progressão de carreira efetivada. No início do mês, a Apra-PR encaminhou um ofício à Secretaria de Administração e Previdência (Seap) solicitando o enquadramento correto.
“A progressão para patentes mais altas, para os oficiais, já estão sendo pagas. Enquanto, isso, os ‘praças’ [soldados, cabos e sargentos], que são os que ganham menos, continuam a sofrer com a defasagem e pagando o preço”, disse o presidente da associação, Orélio Fontana Neto.
Entre os soldados que ainda recebem como alunos, a espera da equiparação salarial parece ter se juntado à decepção e à revolta. Três policiais ouvidos pela Gazeta do Povo relataram estar passando por dificuldades financeiras. Todos ainda não têm ideia de quando vão receber o subsídio de soldado. “É promessa em cima de promessa. Desmotiva muito você chegar em casa e saber que não tem dinheiro pra comprar o básico. Vivemos no aperto”, disse um deles.
Empréstimos
Lotado em um batalhão de Curitiba, um dos policiais veio do interior do Paraná. Para fazer e pagar todos os exames exigidos para ingressar na PM, ele precisou fazer uma série de empréstimos. Se programou para quitar as dívidas em fevereiro, quando já receberia como soldado. Com o atraso na progressão, se atolou em ainda mais dívidas.
“Eu fiz um empréstimo para pagar outro empréstimo. Eles são descontados em folha [empréstimos consignados]. Eu recebo R$ 880 por mês. Com esse dinheiro, eu tenho que pagar aluguel e comer. Teve mês em que, se não fossem os colegas, faltaria [dinheiro] até para comer”, contou.
Outro soldado também revela estar passando por um “aperto financeiro”. Casado e com um filho pequeno, ele paga R$ 800 por mês, como prestação do financiamento da casa em que mora. “Sobra R$ 600 para eu sustentar minha família. É por isso que tem policial que se arrisca em ‘bicos’ [trabalhos irregulares fora da corporação]”, disse.
Um policial também teve que recorrer ao banco para não perder a casa. “A terceira parcela atrasada do financiamento venceu hoje. Para não ir para a Justiça, eu fiz um empréstimo. Consegui pagar uma das parcelas. Nem margem para empréstimo a gente tem mais”, afirmou. “A gente só continua na polícia, porque a gente gosta do que faz. Tem que ter polícia no sangue, senão o cara desiste”, completou.
Outro lado
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que a situação dos policiais deve ser regularizada ainda nesta semana. A lista dos soldados deve ser encaminhada para a Secretaria de Administração e Previdência, para a inclusão na folha de pagamento. De lá, os nomes seguem para a Secretaria da Fazenda.
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