A Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou nesta quinta-feira (11) fotos do local onde moram os índios não contactados que se temia terem sofrido algum tipo de violência da parte de um grupo armado que estaria circulando pela Terra Indígena Isolados do Envira, no oeste do Acre, de acordo com informações de servidores do órgão federal. As imagens foram feitas na terça-feira."O bom estado das moradias e plantações indica que é baixa a possibilidade de que tenha havido contato com o grupo armado vindo do Peru, que esteve monitorado pela equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Envira, da Funai", afirma o órgão em nota.
Na quarta-feira (10), a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, já havia adiantado ao Globo Natureza que os isolados aparentemente não haviam sofrido violência.
"Sobrevoamos a base da Funai. Verificamos que ela está intacta e não tem qualquer avaria. Sobrevoamos mais dez minutos para frente e avistamos roças e malocas novas. Estavam todas intactas. Isso nos leva a supor que esses índios estavam bem", informou a secretária.
Ainda assim, de acordo com Miki, dez homens da Força Nacional de Segurança serão mandados à base até sexta-feira para apoiar os servidores da Funai que estão no local até a chegada do Exército, que deve enviar tropas para lá até o fim de agosto.
Um traficante de drogas português foi preso na floresta na última semana. "Vamos para lá para amenizar os ânimos. Os servidores temem represálias, o que é normal", diz a secretária. O português estaria com dois peruanos, que não foram capturados.
Invasão
Há cerca de uma semana, a Base Xinane da Funai, na Terra Indígena Isolados do Envira, virou foco de atenção porque servidores do órgão federal de proteção aos índios alertaram que haveria um grupo armado de peruanos circulando nas imediações. No momento, a equipe da Funai na base está sendo protegida por seis soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Acre.
Na última semana, os servidores da Funai, entre eles o coordenador de Índios Isolados e de Recente Contato da fundação, Carlos Travassos, denunciaram que um grupo armado vindo do Peru estaria rondando a região onde habitam os indígenas isolados, no Rio Envira.
Eles foram até a base na tentativa de localizar os invasores e proteger os indígenas de um eventual conflito com o bando. Dias antes, índios ashaninka do Peru haviam alertado que o grupo armado estava descendo o Rio Envira em direção ao Brasil.
A Funai pediu a presença da Polícia Federal, que ficou uma semana na base, conhecida como Xinane. Mateiros da Funai viram dois homens armados rondando o local e, mais tarde, localizaram o traficante português Joaquim Antônio Custódio Fadista, que acabou preso pela PF.
Em março, Fadista havia sido detido na mesma região. Na ocasião, quando abordado pela polícia, ele deixou cair uma mochila no Rio Envira, a qual se suspeita que contenha drogas. O português foi extraditado para o Peru porque tinha uma ordem federal de expulsão do Brasil contra ele, e foi solto no país vizinho.
Depois da prisão do traficante, a PF deixou a Base Xinane. Os funcionários da Funai, no entanto, decidiram ficar e, quando voltavam à base de helicóptero, viram homens correndo para o mato.
No sábado, os funcionários da fundação encontraram, na outra margem do Rio Envira, um acampamento aparentemente usado pelo bando peruano, onde encontraram cartuchos tirados da base da Funai e flechas que pertenceriam aos índios isolados, o que seria um indício de que os homens armados entraram em contato com eles ou estiveram em algum lugar onde estes habitam.
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