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Saúde

Funcionários de seis hospitais de Curitiba iniciam greve

No Hospital Cajuru, greve mobiliza cerca de 300 trabalhadores | Aniele Nascimento/ Agência de Notícias Gazeta do Povo
No Hospital Cajuru, greve mobiliza cerca de 300 trabalhadores (Foto: Aniele Nascimento/ Agência de Notícias Gazeta do Povo)
Funcionários de hospitais particulares fizeram passeata por ruas da região central nesta quarta-feira (4) |

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Funcionários de hospitais particulares fizeram passeata por ruas da região central nesta quarta-feira (4)

Manifestação tem a participação de enfermeiros, técnicos, auxiliares e funcionários da limpeza dos hospitais |

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Manifestação tem a participação de enfermeiros, técnicos, auxiliares e funcionários da limpeza dos hospitais

Funcionários de pelo menos seis hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba estão de braços desde a manhã desta quarta-feira (4). A conduta faz parte da greve anunciada nesta terça-feira (3) pela categoria, que rejeitou as propostas apresentadas pelo sindicato patronal durante audiência realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O movimento, que começou às 6 horas, é realizado por enfermeiros, técnicos, auxiliares e funcionários da limpeza dos hospitais Cajuru, Zilda Arns, Santa Casa de Curitiba, Erasto Gaertner, São Vicente e Pequeno Príncipe.

Pela manhã, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc) informou que a adesão ainda não chegava a 70% dos trabalhadores nas instituições que aderiram à paralisação. A ideia, no entanto, era de que a participação ao movimento aumentasse, fazendo com que, até o fim do dia, estes hospitais funcionassem com apenas com 30% do efetivo ligado ao sindicato, como prevê a lei. Mas, o Sindesc não tinha um balanço atualizado da greve no fim do dia.

Com o anúncio da greve feito nesta terça, o TRT determinou percentuais mínimos de profissionais que devem atuar nos hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba e Região durante o movimento grevista. Em decisão, a desembargadora Ana Carolina Zaina exige que a categoria profissional mantenham 100% dos profissionais dos setores críticos, como Pronto-Socorro/Pronto Atendimento; leitos de retaguarda das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs); Centro Cirúrgico; Unidade de Terapia Intensiva (UTI); Unidades de Internação; bancos de sangue; hemodiálise; maternidades e assistência a pacientes internados com risco de agravamento de seu estado de saúde.

Além disso, o percentual de funcionários não poderá ser inferior a 70% nos setores de suporte às áreas críticas, como Radiologia,Tomografia, Ecografia, Laboratórios de Análises Clínicas, Farmácias, Higienização e Segurança. Um mínimo de 30% de profissionais deverá seguir atuando nas áreas não críticas (administrativo; secretarias; recepção e faturamento). Em caso de descumprimento, está prevista multa diária equivalente a R$ 20 mil para o sindicato da categoria profissional.

De acordo com o Sindesc, no início da manhã não havia paralisação dos serviços de urgência e emergência prestados nos hospitais afetados pela greve. Contudo, pode haver impactos nos serviços com o decorrer do movimento. O sindicato alerta que os atendimentos prestados via convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) também podem ser afetados.

Com a greve anunciada, os hospitais Cajuru e Marcelino Champagnat conseguiram liminar proibindo a paralisação, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 10 mil. No Cajuru, no entanto, a ordem não foi respeitada.

Protestos

Na tarde desta quarta, cerca de 100 pessoas faziam uma passeata por hospitais de Curitiba. Às 15h30, o grupo saiu em caminhada pela Avenida Presidente Affonso Camargo, do Hospital Cajuru. O grupo andava pela Avenida Sete de Setembro por volta das 16h15 e iria, ainda, seguir até o Hospital Pequeno Príncipe, para depois passar pelo Hospital Sugisawa. O destino final é a Praça Rui Barbosa.

Na manhã desta quarta, a greve gerava piquetes de trabalhadores no Zilda Arns (Hospital do Idoso) e no Hospital Cajuru, onde 300 pessoas, segundo estimativa do Sindesc, participam de atos de repúdio às ofertas feitas pelo sindicato patronal durante a reunião de ontem.

Os funcionários do Hospital Cajuru bloquearam a Avenida São José, que passa em frente ao prédio da instituição. Eles liberavam, de manhã, apenas a circulação de ambulâncias. De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), o bloqueio ocorreu entre as ruas Prefeito Ângelo

Por volta das 8h30, duas trabalhadoras que participavam dos protestos foram atropeladas por um veículo que insistiu em passar entre os manifestantes. Elas tiveram ferimentos leves e foram levadas para dentro do hospital para receber atendimento. O motorista fugiu do local, e segundo o Sindesc foi perseguido por um carro da Polícia Militar (PM).

Revoltados com o atropelamento, os funcionários em greve decidiram bloquear totalmente a avenida. O setor de imprensa da PM não tem registro do fato, portanto não há informações se o motorista do carro que provocou o atropelamento chegou a ser detido.

UPAs sobrecarregadas

A greve de funcionários de hospitais privados e filantrópicos de Curitiba e região metropolitana deixa sobrecarregadas as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital, informou, por volta das 11 horas, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Em razão disso, o órgão reforça a orientação para que a população de Curitiba só procure estas unidades em casos de emergência e urgência, buscando as unidades básicas de saúde em casos sem gravidade.

O órgão disse ainda que na noite passada (3), o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda, reuniu-se com representantes de hospitais privados e filantrópicos para discutir um plano de contingência que garanta a manutenção do atendimento de urgência e emergência durante a greve dos funcionários dessas unidades. O plano prevê o adiamento de procedimentos eletivos e remanejamentos internos de pessoal nos hospitais.

Atendimentos afetados

O Hospital Pequeno Príncipe, em nota, disse que "greve dos trabalhadores da saúde (..) acarretou em um déficit de 42% dos profissionais de enfermagem, setor mais atingido no Hospital Pequeno Príncipe. Das 33 cirurgias agendadas, 23 não foram realizadas e o atendimento também foi prejudicado – no momento há 244 pacientes internados." A instituição disse ainda que "o direito de greve é reconhecido como conquista e pode ser exercido pelos colaboradores dentro do respeito à Lei. No entanto, em um ambiente de cuidado no qual o risco de morte é iminente, a manutenção de serviços essenciais nos Hospitais e o direito fundamental à saúde e à vida devem prevalecer sobre o interesse da categoria profissional."

Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, o Hospital Universitário Cajuru informa que houve uma adesão de 50% dos colaboradores que atuam nos setores críticos - Pronto-Socorro, Centro Cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva e Unidades de Internação. Por isso, a instituição considera como "críticas" as situações do Pronto Socorro e Unidades de Internação. Em reflexo a adesão, o Pronto Socorro operava, por volta das 11 horas, com restrições de atendimento.

Já no Hospital do Idoso Zilda Arns - cujos funcionários são contratados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes) e, portanto, ligados ao Sindesc - não houve alteração nos atendimentos, de acordo com a SMS. A secretaria informou que pela manhã cerca de 20 pessoas faziam atos de manifestação em frente à unidade. No começo, eles chegaram a impedir a entrada de funcionários que não quiseram aderir ao movimento. Entretanto, a Guarda Municipal foi acionada e liberou o acesso ao hospital.

No Hospital São Vicente, cerca de 70% dos funcionários aderiram à greve na escala da manhã, especialmente na área de enfermagem. Com a paralisação, as áreas mais prejudicadas são o pronto atendimento, as unidades de internação e as cirurgias. Algumas cirurgias não emergenciais foram canceladas e toda a capacidade operacional do momento está priorizando as emergências, informou a assessoria de imprensa da instituição, que ressaltou que "respeita o direito de greve e as reivindicação da categoria, mas compreende que a assistência aos pacientes não pode ser prejudicada".

A assessoria de imprensa da Santa Casa de Curitiba relata que houve uma adesão de 34% dos colaboradores à greve, sendo que o setor mais impactado foi o das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde a adesão foi de 50% dos profissionais. Em reflexo a greve, todas as cirurgias eletivas, que deveriam ser realizadas nestas quarta e quinta-feira (4 e 5)foram canceladas.

A instituição ressalta que, assim como no Cajuru, a liminar da Justiça do Trabalho que determina 100% dos profissionais dos setores críticos não está sendo acatada pelo Sindesc.

A assessoria de imprensa do Hospital Erasto Gaertner informou que não houve nenhum problema na instituição por causa da greve. Reivindicação

Na audiência desta terça-feira, no dissídio coletivo de greve, a Justiça havia feito proposta conciliatória de reajuste de 10% no piso salarial e de 7,93% para quem ganha acima do valor-base. A proposta foi aceita pelo Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Paraná (Sindipar), mas rejeitada em assembleia à noite pela entidade que representa os empregados.

A reivindicação da categoria é de reajuste salarial e dos pisos em 15% e aumento do auxílio alimentação para R$ 400. Além disso, um reajuste de 15% referente à insalubridade e fornecimento de plano de saúde gratuito.

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