Como resolver o problema do trânsito, nas grandes cidades ao redor do mundo, é dessas perguntas que vale alguns milhões de dólares para quem souber resolver. E a resposta pode estar no bolso de cada um. Não na carteira, onde fica o dinheiro. Mas no smartphone, que guarda dados de toda a trajetória que cada um percorre ao longo do dia. Empresas que já compilam estes dados para oferecer soluções em mobilidade para o usuário hoje estudam parcerias com o poder público, para tornar as cidades mais inteligentes na hora de planejar seu tráfego. Em debate no Smart Cities Business America, em Curitiba, nesta terça-feira (29), a Tomtom, que fabrica dispositivos de navegação, e os aplicativos Uber e 99, que trabalham com transporte individual, apresentaram algumas de suas soluções para a mobilidade urbana.
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A holandesa Tomtom começou a produzir dispositivos de navegação em 2007, e os integrou com mapas no ano seguinte. Hoje, coleta cerca de 742 milhões de dados todo os dias, durante todo o dia, sobre as viagens que seus usuários fazem ao longo do dia. Esta informação toda vai para um mapa que ajuda o cidadão a escolher um horário com menos trânsito, uma rota de menor fluxo. Mas os dados também podem ser compilados e repassados para os governos municipais utilizarem em suas políticas de engenharia de trânsito. É o caso da cidade de Berlim, na Alemanha, que incorporou os dados da empresa a seu Centro de Controle do Tráfego. Em Haia, na Holanda, o app comparou o tráfego antes e depois da construção de um túnel, que comprovou queda de 50% no trânsito da região.
O desafio é passar estes dados para a administração pública sem ferir a privacidade dos usuários. Por isso a Tomtom utiliza os dados repassados pelo GPS de seus usuários a cada um ou dois minutos, e os agrega em dados genéricos, com o fluxo do trânsito, e não o comportamento do usuário. “Um engenheiro de tráfego de Berlim não pode olhar e dizer ‘interessante, todas estas pessoas estão indo para a Sinagoga’, por exemplo. Então nós agregamos, fundimos estes dados. A informação que está por trás são viagens reais de pessoas reais, mas a forma como expomos não é esta”, explica o gerente de produtos de tráfego da empresa, Jeroen Brouwer.
Carona infinita
Em uma saga contra a ideia de “um carro por habitante”, o Uber hoje testa o conceito de “carona infinita” em algumas cidades do mundo, como Berlim, Nova York e Cidade do México. A modalidade Pool (carona, em inglês) permite que o motorista pegue mais de um passageiro, ao longo do caminho, o que torna a viagem mais barata e permite um maior uso do espaço do carro. O diretor de políticas públicas do Uber, Daniel Mangabeira, explica que é uma questão de sustentabilidade. Aumentar o número de passageiros por veículo é uma forma de reduzir o número de carros na rua. “Com o desincentivo ao carro, o gestor público pode reutilizar o espaço urbano com linhas exclusivas para ônibus ou com ciclovias, por exemplo”.
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Leia a matéria completaMangabeira destaca que em muitas cidades do mundo o Uber é utilizado para acessar regiões boêmias. Caso da cidade do México, onde muitas corridas ligam a região dos bares ao metrô; em São Paulo, 87% dos usuários pedem corridas para sair à noite. Em Seattle, o número de motoristas alcoolizados caiu em 10%. O gestor público pode levar estes dados em conta na hora de fazer um planejamento multi-modal, ou seja, que leve em conta que as pessoas usam diferentes transportes para diferentes trajetos.
Otimizar os deslocamentos é o DNA dos aplicativos de táxi, que permitem uma avaliação quantitativa e qualitativa de um serviço que sempre funcionou de maneira relativamente autônoma, explica o diretor de marketing da 99, Pedro Somma. “Antes era muito difícil ter uma avaliação fiel da quantidade de táxis na cidade, dos preços. Hoje [é possível saber] quais os deslocamentos em cada área, onde há ausência de trnasporte individual. Facilita o planejamento urbano”.
Pela avaliação que os usuários cadastram no aplicativo, a empresa criou uma nuvem de tags com as principais reclamações e sugestões do usuários, para estabelecer uma análise qualitativa do serviço prestado. Em Curitiba, por exemplo, a principal reclamação era dos taxistas chegarem com o taxímetro já ligado. No Brasil, a ausência de ar-condicionado ganha.
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