Esta não é a primeira ideia que une aplicativos e formas um tanto inusitadas de medição da qualidade de ar nas cidades, mas é a primeira a recompensar os habitantes com wi-fi grátis cada vez que os níveis de dióxido de nitrogênio registram queda. A casa de passarinho TreeWiFi foi criada por um grupo de holandeses, incluindo designers, arquitetos e um engenheiro químico, e está em teste em Amsterdã, mais precisamente em frente ao escritório da turma.
Apesar da cultura da bicicleta e outras medidas de vanguarda tomadas pela cidade holandesa para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, como a recente redução de impostos para quem comprar carros elétricos, Amsterdã tirou nota “D+” na campanha “Soot-Free for the Climate!” , da União Europeia, divulgada em 2015. A nota representou não só uma queda em relação à pesquisa anterior (C-), de 2012, como também fez com que a cidade holandesa ficasse abaixo de grandes centros europeus mais populosos que ela, como Paris e Londres. Um outro levantamento de uma entidade holandesa detectou pelo menos 11 locais de Amsterdã onde os níveis de dióxido de nitrogênio geralmente excedem os limites estabelecidos pela União Europeia (entenda melhor os riscos da poluição atmosférica).
Acesse o site do TreeWiFi e conheça mais detalhes do projeto.
Todos esses dados foram combustível para a ideia da TreeWiFi. A casinha é equipada com sensores que medem o nível de dióxido de nitrogênio. Quando o nível é bom – ou seja, abaixo dos 40 microgramas tolerados pela OMS –, as luzes verdes da casinha acendem e um sistema de wi-fi é desbloqueado. Com apenas uma casinha em teste, a equipe quer chegar ao modelo ideal para o equipamento até setembro, quando pretende instalar até 500 casinhas por Amsterdã, segundo informações do designer Joris Lam, um dos fundadores da TreeWiFi ao site Next City. A outro site, o CityLab, Lam disse estimar que o custo de cada casinha seja de 500 euros (ou R$ 1,9 mil), mas que está trabalhando em um equipamento mais barato. Afinal, a ideia não é apenas governamental. A ambição da turma é vender a casinha ao consumidor final, morador ou empresário, interessado em medir a qualidade do ar ao seu redor e, por que não, wi-fi.
Os dispositivos também estão ligados a um aplicativo que dá informações instantâneas sobre a qualidade do ar ao usuário e dicas de como colaborar, como, por exemplo, organizando um esquema de caronas para o trabalho com os colegas.
Ar tóxico
Confira quais são os principais poluentes do ar e quais os níveis de concentração dessas substâncias estabelecidas pela OMS como aceitáveis:
Considerado o principal vilão da poluição para a saúde, é formado por partículas grossas e finas que entram no sistema respiratório, atingem os alvéolos pulmonares e a corrente sanguínea. Está associado a diversas doenças, podendo chegar a causar câncer de pulmão. As partículas chamadas grossas (MP10) têm de 2,5 a 10 micrômetros. Já as finas (MP2,5), são as de 2,4 micrômetros para menos. As primeiras se formam por meio de processos mecânicos, como pó produzido pelas obras. As partículas menores são provenientes da queima de combustíveis fósseis e biomassa.
Os níveis anuais de exposição a esse tipo de material considerados aceitáveis pela OMS são de 20 microgramas por metro cúbico de ar para as partículas grossas e de 10 microgramas por metro cúbico de ar para as finas.
Importante para proteger a terra dos efeitos nocivos dos raios solares, o ozônio prejudica a saúde do homem quando encontrado em grandes concentrações na troposfera. Pesquisas indicam um aumento no número de mortes por doenças respiratórias, principalmente entre as crianças, em dias que a média de concentração de ozônio no ar durante oito horas é superior a 100 microgramas por metro cúbico de ar – valor considerado aceitável pela OMS.
Esse gás está relacionado à queima de combustíveis, principalmente os utilizados por veículos pesados, como os caminhões. A OMS estabelece 40 microgramas por metro cúbico de ar a concentração média anual aceitável para esse tipo de gás. Os efeitos sobre a saúde incluem desconforto na respiração, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares já existentes.
Estudos indicam que esse poluente está associado a doenças respiratórias de crianças e a redução da função pulmonar de asmáticos. A exposição média ao dia ao dióxido de enxofre aceitável é de 20 microgramas por metro cúbico de ar.
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